O Lago Leitisvatn |
Passando uma semana nas Ilhas Faroé, eu não podia deixá-las sem praticar a mais comum das suas atividades turísticas - a caminhada por uma das trilhas que fazem a fama do arquipélago. Como estava sozinho e não tenho o hábito de efetuar caminhadas pelo campo, escolhi uma trilha rotulada como fácil, margeando um lugar que me deixou muito curioso assim que vi suas fotos: o Lago Leitisvatn, na ilha de Vágar.
Este lago é o maior de Faroé, com 3,4 km² de superfície (para efeito de comparação, a Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio tem 2,2). O lago situado entre duas vilas possui denominações diferentes para cada uma delas: chama-se Leitisvatn para os moradores de Miðvágur e Sørvágsvatn para os de Sørvágur, isto quando não o tratam simplesmente como Vatnið, isto é, "o lago". Como Miðvágur fica praticamente colada ao lago, fico com a sua denominação. Leitisvatn é estreito, comprido e com formato aproximado da letra "s", sendo separado do mar por encostas íngremes gramadas, além de terminar numa cascata que despenca trinta metros no oceano abaixo. A área desta embocadura é de beleza ímpar, e devido às montanhas em volta, dependendo do ângulo o lago parece estar muito acima da sua altitude real.
O ponto inicial da trilha de cerca de cinco quilômetros ida e volta é a vila de Miðvágur. Ao final do tour às vilas de Bøur e Gásadalur que fiz pela manhã, descrito no último post, pedi ao guia Sámal para me deixar em Miðvágur ao invés do ponto final original, a capital Tórshavn. Ele acabou fazendo mais do que isso, encontrou no estacionamento do supermercado local o filho, que por coincidência mora em Miðvágur, e este me levou na van até o portão de início da trilha no meio do campo, me poupando um bom trecho de caminhada. Super gente boa! Ele até se ofereceu para me pegar no final da tarde quando a van passaria novamente pela vila com os excursionistas que tinham ido passar o dia em Mykines, mas declinei da oferta, pois havia transporte fácil até Tórshavn pelo ônibus 300, e pude assim retornar na hora que melhor me conviesse.
Miðvágur é a maior vila em Vágar com 1.060 habitantes. O único motivo para se deter por um tempo maior na vila em si é o Museu da Guerra (Kriggssavnið). O museu abre somente nas tardes de fim de semana dos meses de verão, e lá se pode conhecer a história da ocupação da ilha por 6.000 soldados ingleses durante a Segunda Guerra Mundial através de fotos e artigos da época. Miðvágur detém ainda um recorde bem polêmico: sua baía é considerada o melhor local para a caça às baleias-piloto no país, pela sua configuração apropriada para cercá-las. Com efeito, as estatísticas indicam que é a campeã em baleias mortas nas últimas décadas no ritual do grindadráp, que descrevi no post sobre as Ilhas do Norte.
Voltando à trilha, na realidade existem duas que percorrem em paralelo o lado leste do lago Leitisvatn. A primeira margeia o lago, enquanto a segunda segue um pouco mais elevada, permitindo uma visão mais ampla da paisagem. Fui pela mais alta, voltando pela borda do lago. A trilha elevada se iniciava com um portão fechado. Já calejado pela experiência em Gásadalur, simplesmente levantei a tranca e iniciei o percurso. Esta trilha pelos campos altos está muito bem delineada na maior parte do trajeto. Ao avançar pelo caminho coberto de pedrinhas, pode-se ver o seu percurso serpenteando mais adiante pela presença de caixas brancas enormes colocadas espaçadas ao longo da trilha. Após passar por algumas destas caixas, fiquei curioso e abri uma delas para verificar seu conteúdo - elas continham pedrinhas para reposição; imagino que os ventos que frequentemente atrapalham a caminhada desloquem as pedras ao longo do tempo.
O dia estava ótimo para caminhar, sem muitas nuvens e com pouco vento. A seca que grassava no arquipélago também deu sua contribuição, a trilha atravessa alguns córregos pequenos que no entanto estavam completamente secos. Imagino que em épocas normais dê um pouco de trabalho atravessar a água que corre neles. Durante o percurso de ida cruzei somente com três senhores que vinham no sentido contrário, mas podia ver ao longe na trilha de baixo vários jovens voltando pela borda do lago. A vista ao longo desta primeira parte do caminho é muito bonita e bucólica, com o lago e as colinas por trás. Como é padrão nos países escandinavos, o lago está envolto em lendas com elementos místicos, entre os quais está o nix, com história muita parecida ao do Mummelsee na Floresta Negra alemã. Segundo a lenda, o nix se transforma num belo cavalo branco e atrai crianças para cavalgar, as afogando no fundo do lago.
À medida que eu avançava, a embocadura do lago e as montanhas que a cercam se aproximavam. Logo cheguei numa fenda que permite ver o mar e o imenso paredão rochoso que separa o Oceano Atlântico da parte final do lago.
O paredão tem o nome de Trælanípa, literalmente "Parede dos Escravos". Este nome se deve à crença de que os vikings, ao perceberem que escravos não tinham mais utilidade, os atiravam do alto da rocha de 142 metros de altura.
Ao passar junto ao paredão, a trilha sumiu de vez e só se via o gramado à frente. Avancei em meio a algumas ovelhas e carneiros negros que me olhavam placidamente com aquela expressão de "o que esse cara está fazendo aqui?". Após muitos metros, a grama deu lugar finalmente às pedras que cercam a cascata. Cheguei ao fim da linha e me deparei com a área da cascata, só que vários metros abaixo; as pessoas que passeavam pela área mais pareciam formiguinhas de jaqueta colorida.
Dei meia volta, voltei à área gramada e desci até o nível do lago pelo leito de um córrego seco, chegando enfim à cascata de Bøsdalafossur. Na realidade, a água ao deixar o lago avança algumas dezenas de metros pelas pedras, formando um riacho curto antes de cair no mar pela cascata. Se confundindo com as rochas ao redor, estão algumas ruínas de construções erguidas pelos ingleses durante a guerra. Com o riacho quase seco, dava até para atravessar as pedras na água à beira do precipício na boca da cascata, mas fiquei receoso e nem me aproximei muito delas. Quem quiser se arriscar, parece que a vista das rochas elevadas do outro lado compensa a aventura.
Ao contrário da "multidão" que havia visto de cima minutos antes, havia agora apenas um casal idoso contemplando a beleza do lugar. O silêncio reinante combinado com o cenário deu uma sensação imensa de serenidade. Durante os quarenta minutos em que permaneci lá, o casal praticamente não se mexeu. Aliás, impressiona a quantidade de pessoas da terceira idade que se aventuram em caminhadas nos países nórdicos. Muito legal.
Voltei pela trilha de baixo, que acompanha a borda do Leitisvatn. Ao contrário da trilha do alto, o caminho ali está menos delineado, de vez em quando sumindo no meio da grama, mas com a margem do lago ali do lado não dá para errar o percurso, é só prosseguir. Esta trilha termina na estrada para o aeroporto no ponto onde ela passa a acompanhar o lago. Mantendo a tradição, o fim da trilha é marcado por um portão, mais uma vez bastando levantar a tranca para passar.
Estava faminto depois de três horas de andanças e almocei no único restaurante que achei em Miðvágur, o Nest, bem na estrada principal. A pizza estava gostosa. Sobrou uma meia hora antes da passagem do próximo ônibus para Tórshavn e aproveitei para caminhar pela vila e a conhecer melhor. Como era dia útil, nem deu para aproveitar o tempo para visitar o museu, fechado.
Para completar, o inesperado aconteceu no final da tarde em Tórshavn. A cidade nos dois últimos dias da minha estadia havia sido enfeitada com bandeiras da Dinamarca, que passaram a dividir o espaço com as faroesas. Sámal havia comentado que a Rainha chegaria em visita oficial a Faroé, ritual que ela cumpre anualmente. Ao caminhar pelas ruelas tranquilas de Tinganes, vi do outro lado do porto um barco enorme ancorado, ostentando a bandeira da Dinamarca. Deduzi se tratar do Iate Real e me encaminhei para lá a fim de poder apreciar melhor a embarcação.
A vila de Miðvágur e sua baía polêmica. |
O ponto inicial da trilha de cerca de cinco quilômetros ida e volta é a vila de Miðvágur. Ao final do tour às vilas de Bøur e Gásadalur que fiz pela manhã, descrito no último post, pedi ao guia Sámal para me deixar em Miðvágur ao invés do ponto final original, a capital Tórshavn. Ele acabou fazendo mais do que isso, encontrou no estacionamento do supermercado local o filho, que por coincidência mora em Miðvágur, e este me levou na van até o portão de início da trilha no meio do campo, me poupando um bom trecho de caminhada. Super gente boa! Ele até se ofereceu para me pegar no final da tarde quando a van passaria novamente pela vila com os excursionistas que tinham ido passar o dia em Mykines, mas declinei da oferta, pois havia transporte fácil até Tórshavn pelo ônibus 300, e pude assim retornar na hora que melhor me conviesse.
Miðvágur é a maior vila em Vágar com 1.060 habitantes. O único motivo para se deter por um tempo maior na vila em si é o Museu da Guerra (Kriggssavnið). O museu abre somente nas tardes de fim de semana dos meses de verão, e lá se pode conhecer a história da ocupação da ilha por 6.000 soldados ingleses durante a Segunda Guerra Mundial através de fotos e artigos da época. Miðvágur detém ainda um recorde bem polêmico: sua baía é considerada o melhor local para a caça às baleias-piloto no país, pela sua configuração apropriada para cercá-las. Com efeito, as estatísticas indicam que é a campeã em baleias mortas nas últimas décadas no ritual do grindadráp, que descrevi no post sobre as Ilhas do Norte.
O Lago Leitisvatn visto do início da trilha alta. À direita a estrada rumo ao aeroporto, que margeia parte do lago. |
Voltando à trilha, na realidade existem duas que percorrem em paralelo o lado leste do lago Leitisvatn. A primeira margeia o lago, enquanto a segunda segue um pouco mais elevada, permitindo uma visão mais ampla da paisagem. Fui pela mais alta, voltando pela borda do lago. A trilha elevada se iniciava com um portão fechado. Já calejado pela experiência em Gásadalur, simplesmente levantei a tranca e iniciei o percurso. Esta trilha pelos campos altos está muito bem delineada na maior parte do trajeto. Ao avançar pelo caminho coberto de pedrinhas, pode-se ver o seu percurso serpenteando mais adiante pela presença de caixas brancas enormes colocadas espaçadas ao longo da trilha. Após passar por algumas destas caixas, fiquei curioso e abri uma delas para verificar seu conteúdo - elas continham pedrinhas para reposição; imagino que os ventos que frequentemente atrapalham a caminhada desloquem as pedras ao longo do tempo.
Uma das misteriosas caixas brancas atravancando a passagem da trilha. Ao fundo, algumas casas de Miðvágur. |
O dia estava ótimo para caminhar, sem muitas nuvens e com pouco vento. A seca que grassava no arquipélago também deu sua contribuição, a trilha atravessa alguns córregos pequenos que no entanto estavam completamente secos. Imagino que em épocas normais dê um pouco de trabalho atravessar a água que corre neles. Durante o percurso de ida cruzei somente com três senhores que vinham no sentido contrário, mas podia ver ao longe na trilha de baixo vários jovens voltando pela borda do lago. A vista ao longo desta primeira parte do caminho é muito bonita e bucólica, com o lago e as colinas por trás. Como é padrão nos países escandinavos, o lago está envolto em lendas com elementos místicos, entre os quais está o nix, com história muita parecida ao do Mummelsee na Floresta Negra alemã. Segundo a lenda, o nix se transforma num belo cavalo branco e atrai crianças para cavalgar, as afogando no fundo do lago.
A embocadura do lago com o Oceano Atlântico por trás. Dá para ver ainda um trecho da trilha baixa. |
À medida que eu avançava, a embocadura do lago e as montanhas que a cercam se aproximavam. Logo cheguei numa fenda que permite ver o mar e o imenso paredão rochoso que separa o Oceano Atlântico da parte final do lago.
O paredão Traelanípa |
O paredão tem o nome de Trælanípa, literalmente "Parede dos Escravos". Este nome se deve à crença de que os vikings, ao perceberem que escravos não tinham mais utilidade, os atiravam do alto da rocha de 142 metros de altura.
A embocadura do Lago Leitisvatn |
Ao passar junto ao paredão, a trilha sumiu de vez e só se via o gramado à frente. Avancei em meio a algumas ovelhas e carneiros negros que me olhavam placidamente com aquela expressão de "o que esse cara está fazendo aqui?". Após muitos metros, a grama deu lugar finalmente às pedras que cercam a cascata. Cheguei ao fim da linha e me deparei com a área da cascata, só que vários metros abaixo; as pessoas que passeavam pela área mais pareciam formiguinhas de jaqueta colorida.
Fim da linha na trilha alta com a cascata bem abaixo |
Dei meia volta, voltei à área gramada e desci até o nível do lago pelo leito de um córrego seco, chegando enfim à cascata de Bøsdalafossur. Na realidade, a água ao deixar o lago avança algumas dezenas de metros pelas pedras, formando um riacho curto antes de cair no mar pela cascata. Se confundindo com as rochas ao redor, estão algumas ruínas de construções erguidas pelos ingleses durante a guerra. Com o riacho quase seco, dava até para atravessar as pedras na água à beira do precipício na boca da cascata, mas fiquei receoso e nem me aproximei muito delas. Quem quiser se arriscar, parece que a vista das rochas elevadas do outro lado compensa a aventura.
O riacho imediatamente antes de a água cair na cascata |
Ao contrário da "multidão" que havia visto de cima minutos antes, havia agora apenas um casal idoso contemplando a beleza do lugar. O silêncio reinante combinado com o cenário deu uma sensação imensa de serenidade. Durante os quarenta minutos em que permaneci lá, o casal praticamente não se mexeu. Aliás, impressiona a quantidade de pessoas da terceira idade que se aventuram em caminhadas nos países nórdicos. Muito legal.
O panorama de Bøsdalafossur |
Voltei pela trilha de baixo, que acompanha a borda do Leitisvatn. Ao contrário da trilha do alto, o caminho ali está menos delineado, de vez em quando sumindo no meio da grama, mas com a margem do lago ali do lado não dá para errar o percurso, é só prosseguir. Esta trilha termina na estrada para o aeroporto no ponto onde ela passa a acompanhar o lago. Mantendo a tradição, o fim da trilha é marcado por um portão, mais uma vez bastando levantar a tranca para passar.
Estava faminto depois de três horas de andanças e almocei no único restaurante que achei em Miðvágur, o Nest, bem na estrada principal. A pizza estava gostosa. Sobrou uma meia hora antes da passagem do próximo ônibus para Tórshavn e aproveitei para caminhar pela vila e a conhecer melhor. Como era dia útil, nem deu para aproveitar o tempo para visitar o museu, fechado.
Voltando pela margem do lago Leitisvatn |
Uma surpresa real em Tórshavn:
Para completar, o inesperado aconteceu no final da tarde em Tórshavn. A cidade nos dois últimos dias da minha estadia havia sido enfeitada com bandeiras da Dinamarca, que passaram a dividir o espaço com as faroesas. Sámal havia comentado que a Rainha chegaria em visita oficial a Faroé, ritual que ela cumpre anualmente. Ao caminhar pelas ruelas tranquilas de Tinganes, vi do outro lado do porto um barco enorme ancorado, ostentando a bandeira da Dinamarca. Deduzi se tratar do Iate Real e me encaminhei para lá a fim de poder apreciar melhor a embarcação.O iate real Dannebrog, que serve os soberanos dinamarqueses desde 1932 |
Ao chegar em frente ao navio, encontrei algumas mães com seus pimpolhos portando bandeirinhas de Faroé na mão, aguardando algo. Um tapete vermelho estava estendido e havia um motorista de prontidão junto a um carro oficial. Inquiri uma das mães que me respondeu: "The queen is on board". Não se passaram mais que poucos minutos quando os oficiais do iate se postaram no tombadilho no topo da escada e prestaram continência. Eis que apareceu a Rainha Margrethe II da Dinamarca, elegante nos seus 76 anos de idade. A rainha desceu pela escada, percorreu o tapete vermelho, e entrou no carro após uma reverência do motorista, rumo a algum compromisso oficial. Sempre sozinha, sem segurança à vista e a poucos metros dos seus parcos súditos presentes (e eu, de entrão). A cena foi tão prosaica que confesso que tive dúvidas que se tratasse realmente da rainha e fui conferir posteriormente na internet. Claro que era ela mesma!
Sua Majestade, a Rainha Margrethe II da Dinamarca |
A rainha dinamarquesa ascendeu ao trono em 1972 após o falecimento de seu pai, sendo portanto um dos mais antigos monarcas europeus (só perde para a Rainha Elizabeth II da Inglaterra, sua prima e amiga). Além da Dinamarca e Faroé, o reino ainda inclui a Groenlândia. Margrethe II ainda é a maior autoridade da Igreja da Dinamarca e comandante-chefe das Forças Armadas. Pelos comentários que ouvi dos faroeses, a rainha é bastante querida pelo povo, tendo posição oficialmente neutra nas questões do reino.
Esta foi a segunda vez que me deparei com uma rainha europeia em uma viagem, mas o contraste foi total em relação à então Rainha Sofia da Espanha, quando nem pude divisá-la direito devido à montanha de seguranças e jornalistas à sua volta (veja aqui o post sobre Lindos, na Grécia, com o relato). Mais uma demonstração do estilo simples e sem muita pompa dos escandinavos, coroando - com trocadilho - minha visita às Ilhas Faroé.
Falando em fechamento, o próximo post será o último da série, compilando as dicas para quem quiser viajar para Faroé.
⏩➧ Este é o nono post da série sobre Faroé. Para visualizar os demais, acesse Ilhas Faroé, um paraíso nórdico inexplorado.
A rua principal de Tórshavn enfeitada para a visita real |
Esta foi a segunda vez que me deparei com uma rainha europeia em uma viagem, mas o contraste foi total em relação à então Rainha Sofia da Espanha, quando nem pude divisá-la direito devido à montanha de seguranças e jornalistas à sua volta (veja aqui o post sobre Lindos, na Grécia, com o relato). Mais uma demonstração do estilo simples e sem muita pompa dos escandinavos, coroando - com trocadilho - minha visita às Ilhas Faroé.
Falando em fechamento, o próximo post será o último da série, compilando as dicas para quem quiser viajar para Faroé.
⏩➧ Este é o nono post da série sobre Faroé. Para visualizar os demais, acesse Ilhas Faroé, um paraíso nórdico inexplorado.
Postado por Marcelo Schor em 15.11.2016
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