Calçadão de Skagen na orla do centro de Stavanger |
Stavanger, terceira cidade da Noruega em população, com 238.000 habitantes, é a capital petrolífera do país, sendo sede da estatal Statoil. Situada ao sul de Bergen, também possui um belo fiorde nas suas proximidades e seu centro histórico é bastante pitoresco.
A maioria dos turistas inclui Stavanger no seu roteiro basicamente para subir ao Preikestolen, conhecido também como "Pulpit Rock", a 30 quilômetros da cidade. A trilha que chega ao topo quadrado do rochedo com 604 m de altura é extremamente popular entre os caminhantes, e os quatro quilômetros de subida com trechos íngremes são totalmente recompensados pela visão indescritível do fiorde Lyse lá do alto. Para aqueles que não querem se extenuar, um passeio alternativo é o cruzeiro pelo fiorde, que passa na base da rocha.
A maioria dos turistas inclui Stavanger no seu roteiro basicamente para subir ao Preikestolen, conhecido também como "Pulpit Rock", a 30 quilômetros da cidade. A trilha que chega ao topo quadrado do rochedo com 604 m de altura é extremamente popular entre os caminhantes, e os quatro quilômetros de subida com trechos íngremes são totalmente recompensados pela visão indescritível do fiorde Lyse lá do alto. Para aqueles que não querem se extenuar, um passeio alternativo é o cruzeiro pelo fiorde, que passa na base da rocha.
Preikestolen e o fiorde Lise - fonte: wikimedia commons Ritchyblack |
Originalmente eu ficaria duas noites na cidade para poder conhecer o Preikestolen, mas acabei estendendo minha estadia nas Ilhas Faroé e quem pagou o pato foi o tempo de permanência em Stavanger. Tive que reduzi-lo a somente uma tarde e noite. Se eu já estava pesaroso com este corte antes de chegar lá, o dó só aumentou na hora. Stavanger foi uma grande e agradável surpresa.
O ferry atravessando o primeiro fiorde rumo a Stavanger . O ônibus em que viajei é o que aparece na foto. |
Viajei de Bergen a Stavanger numa manhã de domingo ensolarada em ônibus confortável, cujo percurso levou cinco horas e meia por estradas impecáveis. Comprei o bilhete com antecedência pelo site da companhia, www.kystbussen.no. Apesar de as duas cidades estarem localizadas em regiões muito bonitas, o trajeto do ônibus não passa por nenhum cenário de cair o queixo, mas a viagem não é monótona, pois o ônibus entra em dois ferries pelo caminho, atravessando fiordes. Outros fiordes já são vencidos por pontes e túneis e novamente apareceu uma rotatória com cruzamento de veículos dentro de um dos túneis. Pelo visto são comuns na Noruega.
A rodoviária de Stavanger está localizada bem perto do centro histórico, e o hotel ótimo que escolhi, o Radisson Blu Atlantic, estava situado a somente duas quadras da estação. Saí de Stavanger em avião para Amsterdã, e aí apareceu outra vantagem do hotel: o ônibus para o aeroporto tem ponto na porta. Melhor localização impossível para as duas variantes neste aspecto que prezo em minhas viagens: proximidade das atrações e dos transportes de chegada e de saída. Para culminar, o hotel fica à margem do lago da cidade, um dos pontos de lazer dos habitantes, com trilha de contorno e junto a um jardim com coreto onde acontecem concertos no verão. A vista obtida do hall dos elevadores no andar do meu quarto mereceu uma foto.
Vista do lago obtida do Hotel Radisson |
Quem pensa que as atrações turísticas de Stavanger se resumem ao Preikestolen e ao fiorde Lyse está redondamente enganado. O centro histórico da cidade é um dos mais bonitos que já conheci e guarda algumas semelhanças com o de Bergen, também disposto em torno da enseada do porto antigo, hoje uma marina rodeada por casas de madeira coloridas. Da mesma forma que Bergen, a enseada é conhecida pelo nome de Vågen, e dali saem os cruzeiros para o fiorde.
Enseada de Stavanger com a Torre Valberg |
É impossível chegar na marina e não notar a estátua de aço sobre um pedestal alto que domina a área. O Memorial aos Pescadores Mortos é uma homenagem presente em muitos portos das costas nórdicas, caracterizados pelas águas revoltas do Mar do Norte que no passado ceifaram muitas vidas. Só que este monumento específico, inaugurado em 1968, tinha uma peculiaridade, parecia representar coisas diferentes dependendo do ângulo pelo qual o apreciava. Sem saber seu nome, fiquei imaginando o que ele queria mostrar. Um barco? Uma baleia? Depois descobri que seu apelido dado pelos habitantes é "Camarão", e realmente não sei porque na hora não o associei ao crustáceo.
O Camarão |
Quem passeia pela calçada que acompanha o cais junto ao Camarão, se prestar atenção ao chão vai notar placas contendo pegadas impressas no estilo da Calçada da Fama de Hollywood, só que em Los Angeles as mãos é que são imortalizadas. O chamado Caminho da Paz é uma justa homenagem aos laureados com o Prêmio Nobel da Paz, que em 2008 participaram de uma conferência em Stavanger e deixaram sua marca para a posterioridade. Eu desconhecia muitos dos agraciados, mas pude encontrar nomes - e pés - como os do Dalai Lama (1989), do ex-vice-presidente americano Al Gore (2007), do bispo sul-africano Desmond Tutu (1984) e do presidente timorense José Ramos Horta (1996).
Placa no chão homenageando Desmond Tutu |
A área diante do Camarão é conhecida como Skagen e abriga vários restaurantes. Como a tarde já estava avançando, escolhi para almoçar o restaurante Sjøhuset Skagen, unanimidade em resenhas de guias de viagem. Espalhado pelos andares de um casarão histórico, o restaurante serve pratos como uma afamada sopa de peixe e mariscos (afinal seu nome significa algo como "a casa do mar") e carnes de rena e de baleia. Preferi me ater ao mais trivial e pedi um hambúrguer com batata ao forno e salada, que estava delicioso. Enquanto aguardava, pude apreciar o ambiente rústico e aconchegante do segundo andar, com paredes de tijolos e teto suportado por toras de madeira.
A área de Skagen, com o bonito casarão do restaurante em que almocei em primeiro plano |
De estômago acalmado 😊, parti para visitar a Catedral, bem perto dali. É a mais antiga do país e teve sua construção terminada em 1150 em estilo normando. É o único templo norueguês em funcionamento desde a Idade Média que mantém sua aparência da época, fruto de restaurações ocorridas no século passado. Vale a pena entrar e conhecer seu interior; dignos de nota são os capitéis das suas colunas, apresentando figuras da mitologia nórdica como dragões.
Porém o grande tesouro arquitetônico da cidade fica situado numa das margens da enseada: a Gamle Stavanger ou Stavanger Antiga, composta por cerca de 180 casas de madeira originárias do final do século XVIII, todas pintadas de branco. Trata-se do maior centro antigo preservado da Europa setentrional, e o trabalho de conservação ganhou vários prêmios. Por pouco não foi tudo abaixo no período de pós-guerra, quando a área estava bastante depauperada. Hoje totalmente recuperada, deu gosto passear pelas ruas de calçamento antigo em meio às residências enfeitadas com flores nos balcões ou em jardins. Várias casas pertencem ao governo, enquanto outras são propriedades particulares. A iluminação dos lampiões da época confere um charme adicional para quem perambula pela área à noite.
A região de Gamle Stavanger abriga dois museus ligados à pesca que não tive tempo de conhecer e que são cobertos com o mesmo ingresso - o Museu Marítimo, dedicado à história náutica local com suas embarcações, e o diferente Museu de Conservas (Canning Museum), situado numa fábrica de sardinhas desativada em 1958, ocupação outrora muito comum entre os moradores de Stavanger (a cidade chegou a ser conhecida como "Capital da Indústria de Conservas") e hoje extinta. O museu mostra todo o processamento do peixe, com o equipamento ainda presente, e de quebra ainda são oferecidas provas da sardinha.
Gamle Stavanger |
Uma parte um pouco mais moderna e com atividade comercial fica situada do outro lado da enseada de Vågen. Enquanto que naquela tarde de domingo Gamle Stavanger estava quase deserta, essa área estava bem mais cheia, especialmente a Øvre Holmegate, uma rua simpática fechada ao tráfego e repleta de restaurantes e barezinhos. Dominando a região, a Torre Valberg se destacou no horizonte. Lembrando vagamente a Coit Tower de San Francisco por estar plantada sobre uma colina a poucos passos da baía, foi construída em 1850 como posto de vigilância contra incêndios, que funcionou até 1922. A história dos vigilantes está narrada no pequeno museu dentro da construção, e se pode subir até o alto para obter a vista da cidade e do porto desde que se pague ingresso.
Bem perto do final da Øvre Holmegate, junto à extremidade do porto, está localizado o excelente Museu Norueguês do Petróleo. Foi a última atração que visitei no dia, aproveitando que de junho a agosto o museu funciona diariamente das 10 às 19 horas. A entrada inteira custava 120 coroas norueguesas.
O interesse já se inicia do lado de fora, com uma broca de perfuração exposta junto à entrada, além de um playground infantil cujos brinquedos utilizam elementos reciclados da indústria do petróleo, como tubos de oleoduto. O prédio do museu foi erguido em estilo moderno, além de um anexo construído sobre o mar em formato que emula uma plataforma, contando até com baleeira dependurada. O museu mostra aspectos da formação e extração de petróleo, mas a meu ver o mais fascinante é a narrativa de como foi encontrado o petróleo na Noruega em 1967 e, após alguns percalços, como o país teve sucesso total em lidar com esta reviravolta, se transformando em um dos países mais ricos e de melhor qualidade de vida do planeta. É apresentada a história da estatal norueguesa Statoil, e podemos apreciar maquetes das plataformas gigantescas do alto mar e veículos, instrumentos e vestimentas utilizados na exploração e extração do petróleo.
A Øvre Holmegate |
Bem perto do final da Øvre Holmegate, junto à extremidade do porto, está localizado o excelente Museu Norueguês do Petróleo. Foi a última atração que visitei no dia, aproveitando que de junho a agosto o museu funciona diariamente das 10 às 19 horas. A entrada inteira custava 120 coroas norueguesas.
A broca diante do Museu do Petróleo |
O interesse já se inicia do lado de fora, com uma broca de perfuração exposta junto à entrada, além de um playground infantil cujos brinquedos utilizam elementos reciclados da indústria do petróleo, como tubos de oleoduto. O prédio do museu foi erguido em estilo moderno, além de um anexo construído sobre o mar em formato que emula uma plataforma, contando até com baleeira dependurada. O museu mostra aspectos da formação e extração de petróleo, mas a meu ver o mais fascinante é a narrativa de como foi encontrado o petróleo na Noruega em 1967 e, após alguns percalços, como o país teve sucesso total em lidar com esta reviravolta, se transformando em um dos países mais ricos e de melhor qualidade de vida do planeta. É apresentada a história da estatal norueguesa Statoil, e podemos apreciar maquetes das plataformas gigantescas do alto mar e veículos, instrumentos e vestimentas utilizados na exploração e extração do petróleo.
O anexo do Museu do Petróleo |
Tanto a Noruega quanto Stavanger devem muito à descoberta do petróleo. O país deixou de ser relativamente pobre na Europa para alcançar o status atual. Já Stavanger sofria um declínio econômico com o fim da indústria pesqueira. Devido à localização dos campos, foi escolhida como sede das atividades petrolíferas e desde então vem conhecendo um crescimento considerável. Em menos de 50 anos de produção de petróleo, sua população aumentou 133%, enquanto em toda a Noruega a taxa não passou de 36%.
O que me deixou mesmo de boca aberta foram as informações sobre o Fundo Soberano de Petróleo, e que fazem toda a diferença quando se compara o destino da Noruega com outras nações onde o petróleo abunda. Este fundo é uma reserva para onde vão recursos obtidos pelo governo com os dois milhões de barris de petróleo extraídos diariamente. Até hoje jamais teve qualquer retirada e está destinado às futuras gerações de noruegueses caso surjam tempos nebulosos (como parece estar ocorrendo), formando desta forma um "colchão" que impediria uma crise grave e consequente derrocada da economia. É proibido aplicar em empresas nacionais, sendo tudo investido no exterior. Um painel mostra cada país onde o fundo tem aplicações. Ao toque, aparece o volume investido e a evolução das aplicações pelo fundo em cada firma do país escolhido. Isto é que eu chamo de transparência! Não é nem preciso dizer qual foi o país que escolhi detalhar, e o número de empresas brasileiras apresentadas era considerável, incluindo estatais e empresas privadas.
Réplica de uma das plataformas do Mar do Norte |
Depois de uma visita tão legal, ficou a pergunta - por que uma certa Cidade Maravilhosa, principal chamariz turístico do nosso país e que é sede da companhia líder mundial em tecnologia de extração de petróleo em águas profundas, também não possui um museu sobre o tema?
Postado por Marcelo Schor em 22.01.2017
eu amei stavanger.parei com o navio e passamos o dia mais incrivel de nossas vidas.era o dia nacional da noruega...e todos a carater vestidos loirissimos lindissimos....e com bandeirinhas.........preferi curtir o povo na cidade foi maio de 2016 inesquecivel........dia 17 de maio.
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