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Como é viajar pelo Caribe no Oasis of the Seas



O Oasis of the Seas, com a popa em primeiro plano


         Com a impressão excelente que ficou do cruzeiro ao Alasca pela Disney, feito há um ano e meio, embarquei em janeiro passado em outro navio numa rota pelo Caribe, com meu irmão, cunhada e sobrinhos. O cruzeiro de sete noites foi feito no gigante Oasis of the Seas, da Royal Caribbean, partindo de Port Canaveral, na Flórida, e visitando Nassau nas Bahamas, Saint Thomas e Saint Martin. 


O Oasis of the Seas ancorado em Phillipsburg, Saint Martin

O navio: O Oasis of the Seas, lançado ao mar em 2009, era até o ano passado o maior navio de cruzeiro já construído, com 362 metros de comprimento. O navio é tão alto (72 metros) que foi necessária uma operação especial para passá-lo sob uma ponte dinamarquesa na saída do estaleiro rumo ao alto mar. Em 2016 foi suplantado pelo Harmony of the Seas, também da Royal Caribbean, com poucos centímetros adicionais em extensão. Os números são superlativos, são cerca de  2.400 atendentes e 2.700 cabines a bordo, distribuídas por dezesseis andares (não existe o 13º  andar, uma superstição norte-americana, assim o último andar alcançado pelo elevador é o 17º).


O Central Park visto do deque das piscinas

       A arquitetura do navio é um dos seus maiores atrativos. O grande diferencial são duas fendas que rasgam o transatlântico -, uma na parte central, com altura de oito andares, e outra na popa, no Boardwalk, com dez andares de profundidade. Além do efeito estético, as fendas permitem uma percentagem maior do número de cabines com janela e varanda (e aumento do valor cobrado para essas cabines, obviamente). Especialmente impressionante é o Central Park, um jardim plantado na fenda central; ao passear por ele você até esquece que se encontra no meio do mar, mais parecendo uma área verde de condomínio. O local foi também um palco agradável para se assistir a concertos noturnos.



Atravessando o Central Park

         O hall central do navio no deque 5, o Royal Promenade, também é bem amplo. Além de abrigar lojas e lanchonetes, o hall sedia a central de atendimento aos viajantes e foi palco de algumas apresentações rápidas, como o festival de músicas dos anos 70 (a apresentação de tripulantes fantasiados de Village People estava impagável) e desfile de personagens infantis da Dreamworks.



Royal Promenade

        Um ponto que estranhei foi a falta de conveses nos deques de uso comum, como existia no navio da Disney. Lá das áreas comuns você via o mar através de escotilhas. E se quisesse, bastavam alguns passos para sair ao convés e sentir a brisa. No Oasis, só nos dois últimos deques, abertos.



Planta do navio e do deque das piscinas

Os viajantes: Viajantes de todas as idades, com muitos adolescentes atraídos pelos esportes radicais. Predomínio de americanos como era previsível, mas os brasileiros estavam presentes em número considerável.

Reservas: O ponto mais fraco do cruzeiro.  Pelo menos no nosso caso, o sistema on-line não permitiu completar nenhuma marcação adicional antes do cruzeiro que envolvesse pagamento em cartão, como por exemplo reserva de internet (cara, mas funcionando bem) e de excursões em cada ilha. Tivemos que preencher um formulário de autorização de débito no cartão e enviá-lo à Royal Caribbean. Já as marcações de shows, gratuitos, e o check-in antecipado foram efetuados sem problemas no site.



Boardwalk: fenda na popa com carrossel, alguns restaurantes e teatro aquático

Embarque: Foi feito em Port Canaveral sem maiores problemas. O local é uma mão na roda para quem visita Orlando, a 50 minutos de distância por autoestrada. Conhecemos o Kennedy Space Center no dia anterior e pernoitamos na própria Port Canaveral.  Com o check-in preenchido anteriormente via on-line, o embarque fluiu bem rápido e logo estávamos dentro do navio. As cabines foram liberadas à uma da tarde (tempo certo para almoçar antes) e a bagagem chegou no meio da tarde.


Cabines: A cabine tinha um bom tamanho, 16 m². Escolhemos cabines internas, mais baratas. Bem confortável, a minha cabine ficava no sétimo deque, na proa, bem próximo aos elevadores, mas num corredor menor, com pouco tráfego de pessoas. O isolamento acústico era perfeito, não se ouvia nada do barulho de fora. Mas deve-se atentar para a localização, pois como o navio é imenso, a cabine escolhida pode ficar bem longe dos dois grupos de elevadores existentes, obrigando a longas caminhadas.


Havia lido que o Oasis balançava muito pouco, mas infelizmente não foi o que aconteceu. Com as ondas do Oceano Atlântico agitadas, o navio balançou com frequência e chegou a incomodar numa das noites - um dos shows foi até cancelado pela condição do mar. Só nos livramos do balanço no último dia do cruzeiro.



A cabine em que viajei

Serviços: Em todos os aspectos a organização no navio funcionou muito bem - pensei que devido ao seu tamanho e grande quantidade de viajantes, pegaríamos uma sucessão de filas, coisa que praticamente não aconteceu durante toda a semana. O atendimento foi bastante correto, mas sem um "extra" com que pudéssemos ficar admirados. Em termos de gorjeta, são cobrados automaticamente $13,50 por dia por passageiro, num total de $94,50, divididos entre camareiro e garçons, todos eficientes. Quem quiser pode solicitar o aumento ou redução da gorjeta na central de atendimento da Royal Promenade. Um fato inusitado foi as instruções na TV em inglês indicarem a possibilidade do aumento ou redução, mas em português só mencionarem o aumento.



Carro antigo - Auburn Speedster de 1936 -  exposto na Royal Promenade, uma tradição dos navios da Royal Caribbean

Refeições: Há dois turnos para o jantar no salão principal, dividido entre dois restaurantes, o Silk (onde comemos) no  deque  5 e o Grand Restaurant no deque 4; ficamos no segundo turno, às 20 horas. Dos sete jantares, dois eram em traje formal, no segundo e sexto dia, mas como no outro cruzeiro, ignoramos solenemente a recomendação e comparecemos ao jantar de jeans e camisa polo, como o fizeram outros viajantes. A segunda opção para o jantar já inserida no preço do cruzeiro é o restaurante Windjammers. Ocupando um espaço gigantesco na popa do deque 15, o bufê tem comida mais trivial bem variada e gostosa à vontade, nas três refeições diárias. Utilizamos o Windjammers no café da manhã e almoço (inclusive nos dias de parada), e jamais pegamos fila por irmos fazer as refeições cedo. Quando saíamos, por algumas vezes víamos filas de pessoas na entrada do restaurante aguardando vagar lugar, controlados por uma atendente - outro ponto positivo na organização da Royal, não deixando formar aquele tumulto típico de pessoas em pé junto às mesas aguardando impacientes.


Há uma grande oferta de restaurantes pagos à parte espalhados pelos espaços abertos, com comida internacional, mexicana, espanhola, italiana, americana e asiática entre outros, e que oferecem um cardápio para cruzeiristas mais exigentes. Para os intervalos, havia algumas lanchonetes espalhadas pelos deques com comida gratuita. Tivemos que catar quais eram elas, por isso vai uma lista resumida aqui: Sorrento, com pizzas na Royal Promenade, Park Café, com sanduíches e sopas no Central Park, Dog House, com cachorros quentes no Boardwalk, e Wipe Out, com hambúrgueres, pizzas e sorvetes no deque 15. Quanto às bebidas, refrigerantes eram sempre pagos; água, água aromatizada de kiwi com morango (bem gostosa, por sinal), ice tea e limonada eram oferecidos à vontade.



Park Café no Central Park (obs: alguém diria que esta foto foi tirada num deque de navio?)


Entretenimento: O roteiro inclui somente três paradas nas ilhas caribenhas, portanto existem três dias inteiros que passamos no navio, um entre Nassau e Saint Thomas e dois ao final, de Saint Martin para Port Canaveral. Com tanto tempo a bordo, o fator entretenimento adquire uma importância ainda maior.

O pessoal jovem se diverte a valer no Oasis em atividades como escalada em paredão, tirolesa sobre a fenda do Boardwalk, surfe  e patinação no gelo. Além disso, o navio conta com uma quadra aberta, minigolfe e mesas de pingue-pongue. Há salas voltadas para cada faixa etária de crianças e adolescentes. Para os adultos, cassino e spa. A academia de ginástica é ampla e diversificada, com vários tipos de aparelho. De vez em quando acontecia alguma competição entre os viajantes, desde um singelo bingo em família até um concurso de barrigadas ao cair n'água no teatro aquático (televisionado para as cabines, inclusive), onde o júri era a plateia na arquibancada.



Uma das quatro áreas de piscina do deque 15

Piscinas: Quanto ao quesito fundamental numa viagem pelo Caribe, são quatro piscinas maiores, além de alguns ofurôs e piscinas de hidromassagem aquecidos. Curioso é o Solarium, uma área mais tranquila do deque das piscinas, na proa, reservada para maiores de 16 anos, com cadeiras e banheiras. O Solarium conta com um bufê para café da manhã e almoço, versão mais reduzida do que é oferecido no Windjammers.


O Solarium

Shows: Os diversos shows são apresentados em horários variados e todos requerem reserva prévia, que fizemos ainda no Brasil (uma solução inteligente para eventual superlotação dado o número de passageiros). Alguns destes shows invadiam o horário do jantar e nesse caso, chegávamos um pouco atrasados ao salão de refeição. Pouco antes do início do espetáculo o lugar dos retardatários era cedido aos que estavam em lista de espera, por isso era essencial chegar com alguns minutos de antecedência quando o show acontecia em um teatro pequeno. 

Obviamente não dá para compará-los com os da Disney, especialista maior no assunto, mas o nível foi bem satisfatório. Os shows mais aguardados aconteciam no teatro principal, o Opal Theater, com 1.380 assentos distribuídos em dois níveis. A estrela maior era o premiado musical Cats, mas como eu já tinha achado o espetáculo tedioso quando estive em Nova Iorque, resolvi não incluí-lo na lista. Assistimos no teatro ao Come Fly With Me, um bom musical com apresentações de dança e canto intercaladas com acrobacia e ao Headliner Showtime, cujo título genérico escondia na realidade um espetáculo de ventriloquismo, competente. Dois outros shows aproveitaram os espaços de atividades do navio: o Frozen in Time se revelou uma apresentação maravilhosa de patinação no rinque de gelo, com o adendo especial de uma senhora mestra em desenhar figuras com grãos de areia sobre o vidro. Já o Oasis of Dreams era um show de acrobacias efetuadas no teatro aquático junto ao Boardwalk, mas no dia marcado acabou sendo adiado devido à má condição do mar. Ficaram de reagendá-lo, mas ficamos a ver navios (literalmente...) pois não houve nova apresentação. Finalmente assisti a uma stand-up comedy numa das salas menores de apresentação, em meio a uma plateia composta de americanos e canadenses; tive receio de não entender as piadas devido a um eventual contexto americano, mas o assunto tratado pelo comediante foi tranquilo e relevante - os apuros de turistas em cruzeiros.

Quanto às apresentações isoladas que tanto tinham me agradado no cruzeiro da Disney, estavam bem espalhadas pelos diversos deques, e nem sempre constavam no folheto diário deixado na cabine no dia anterior, o que dificultava a escolha. Às vezes só as descobríamos por estar passando pelo local na hora certa, como foi o caso de uma violinista e pianista que se apresentaram à noite no jardim do Central Park, tocando música clássica com algumas canções mais populares inseridas, de Andrea Bocelli aos Beatles, e a própria Memories, ponto alto de Cats. Músicos excepcionais.


Paredão de escalada na ponta do Boardwalk


Paradas nas ilhas: Ao contrário do que fizemos no cruzeiro da Disney, embora a Royal Caribbean oferecesse excursões em cada parada, não contratamos nenhuma, por acharmos desinteressantes ou demasiado caras. Ficamos por conta própria em Nassau e Saint Thomas e em Saint Martin contratamos anteriormente pela internet um tour pela ilha 40% mais barato que o semelhante oferecido no navio. Em cada post das paradas vou detalhar o roteiro que seguimos.


Paradas do cruzeiro

 A Royal Caribbean não segue o fuso de cada lugar onde o navio atraca, deixando-o sempre no horário da Flórida. Se por um lado esta atitude evita de ficarmos acertando o relógio, por outro pode gerar confusão ao lidarmos com os habitantes locais ou verificarmos o horário de abertura de atrações em terra. Um exemplo foi quando o guia da excursão que contratamos em Saint Martin anunciou dentro da van que a volta para o navio ocorreria por volta das 14 horas. Algum dos excursionistas teve o cuidado de perguntar se eram 14 horas de Saint Martin ou do navio (que seria às 13 horas).

Campo de minigolfe

Desembarque: Bem tranquilo. Dividiram as cabines por faixas de horário, distribuídas ao longo de duas horas, As instruções para o desembarque foram bem divulgadas no dia anterior tanto por folheto quanto pela tela da TV. Quando saímos do navio antes de passar pela imigração, as malas estavam à nossa espera, tendo sido recolhidas da porta da cabine no dia anterior. 

⏬A seguir, vocês acompanharão em três posts cada uma das paradas que fizemos durante o cruzeiro, começando com  a capital das Bahamas, Nassau.

 Postado por Marcelo Schor em 27.04.2017 

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