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Englischer Garten |
Esta não é a primeira vez que visito Munique. Meu primeiro contato com a capital e maior cidade da Baviera (1,4 milhão de habitantes, a terceira em população na Alemanha) foi em 2007, quando participei de um congresso a trabalho. Só tinha as noites para conhecê-la e fiquei ansioso por retornar. Em 2010, nova estadia em Munique; desta vez percorri todos os seus cantos, mas faltou um coadjuvante importante, o sol. Em pleno maio, o frio era de rachar em meio aos dias cinzentos ou chuvosos - foi nesta viagem que conheci
Augsburg e
Mittenwald em bate-voltas. Finalmente retornei agora, novamente no mês de maio, e numa tarde esplendorosa de primavera, resolvi caminhar pela atração de que mais gosto em Munique, seu parque mais conhecido, o Englischer Garten. Se o parque já tinha me conquistado em condições adversas de tempo, imagine agora com o céu limpo...
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Hofgarten e o Pavilhão de Diana |
Quem se encaminha ao Englischer Garten vindo do centro histórico da cidade provavelmente passará pelo Hofgarten, já que a entrada mais próxima do parque é feita por um túnel sob a rua que se inicia nas suas cercanias. O Hofgarten foi concebido como o jardim do Palácio Residenz, tendo sido construído em 1613, junto com as extensões do palácio. O belo jardim em estilo renascentista foi projetado com caminhos se cruzando na diagonal e em cruz. No centro onde os caminhos se encontram está o Pavilhão de Diana, em homenagem à deusa grega da caça. Curiosamente, a estátua de bronze sobre o pavilhão foi esculpida vinte anos antes da inauguração do Hofgarten retratando a deusa, mas em 1923 foi modificada para simbolizar os tesouros das terras bávaras - grão, animais de caça, água e sal. Há muito separado do palácio, o Hofgarten é hoje uma praça pública, e nos meses de verão sempre encontramos algum músico tocando instrumentos no pavilhão sob o olhar atento da plateia.
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O magnífico Antiquário no Palácio Residenz |
O Hofgarten é ladeado por duas construções impressionantes. A primeira, no lado sul, é o próprio
Residenz, o palácio que serviu de residência aos reis bávaros por mais de 500 anos até 1918. Visita imperdível em Munique, seu salão que mais me impressionou foi o
Antiquário, o mais antigo do palácio com 66 metros de comprimento cobertos por um teto entremeado por arcos e tomado por afrescos, criando um efeito original e muito bonito. O nome do salão vem da finalidade concebida pelo duque que o mandou construir em 1568, Albrecht V, que desejava guardar ali sua coleção de esculturas antigas. Por sinal, a maioria dos bustos repousa até hoje nas laterais do Antiquário, mais tarde transformado em salão de banquetes.
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A Chancelaria do Estado e o Memorial de Guerra, em primeiro plano defronte à estátua |
O outro prédio imponente ladeia o Hofgarten pelo lado leste. Trata-se da
Chancelaria de Estado. A edificação é bem recente, inaugurada em 1993, quando as laterais de vidro foram adicionadas à edificação central que antes abrigava o Museu do Exército. Foi-se o museu, mas o
Memorial de Guerra, homenageando os mortos na Primeira Guerra Mundial, permanece num fosso entre a Chancelaria e o Hofgarten. Os blocos do memorial formam uma cripta onde repousa a estátua de um soldado morto. O monumento é tão discreto que tirei a fotografia sem dar-lhe a devida atenção, e só fui saber da cripta ao fazer a pesquisa para escrever este post.
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Aproveitando a tarde ensolarada no Englischer Garten |
Após o Hofgarten, chegou a hora de percorrer o
Englischer Garten. Maior parque urbano da Alemanha, o Englischer Garten ocupa 3,8 km² (mais que o novaiorquino Central Park) e se alonga por cinco quilômetros na direção nordeste a partir do centro da cidade. Foi concebido em 1789 por um assessor militar americano do arquiduque, que dentro de um plano para ganhar simpatia da população, teve a ideia de aproveitar terras então pantanosas e transformá-las em área verde. Desta forma, enquanto cabeças rolavam em Paris os habitantes de Munique passaram a usufruir de um espaço enorme para aproveitar o tempo de folga. O nome, "Jardim Inglês" em português, se refere ao estilo do parque, em voga naquela época.
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Pequena cascata no riacho que corta o parque |
O Englischer Garten é um parque eclético, contendo lagos, rios, florestas, extensas áreas gramadas e alguns monumentos espalhados pela sua área. A população o aproveita bastante para o lazer no verão, seja passeando de bicicleta ou de pedalinho no lago, patinando, descansando ao sol na grama (algumas pessoas completamente sem roupa quando a temperatura se eleva) ou até surfando num trecho de riacho com ondas perto da entrada pelo Hofgarten. É uma delícia fazer caminhadas pelo parque apreciando as diversas mudanças de paisagem ao longo do trajeto.
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O Monóptero |
A área gramada estava bastante cheia naquele meio de tarde de terça-feira. As pessoas aproveitavam o sol que havia aparecido após alguns dias de chuva, sentadas conversando em grupos. Numa pequena elevação situada num canto da grama se destaca o
Monóptero, formado por dez colunas jônicas. Há diversos monumentos em estilo grego espalhados pela Europa com esta denominação (só nesta viagem me deparei com três), que significa "asa/ala única" e abrange construções apoiadas por colunas sem a existência de parede. Inaugurado em 1836, o Monóptero quase foi batizado como Templo de Apolo - formaria uma dupla interessante com o Pavilhão de Diana...
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A Torre Chinesa |
Bem no centro do parque, uma construção exótica rouba a atenção. É a
Torre Chinesa, existente desde a época de inauguração, com cinco níveis de madeira distribuídos por 25 metros de altura. O projeto da torre foi baseado no pagode chinês de Kew Gardens, ainda hoje uma grande atração londrina - teria sido outra forma de justificar o nome do parque? A torre foi destruída na Segunda Guerra Mundial, mas foi reerguida fiel à original na década de 50.
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Biergarten e bicicleta coletiva diante da Torre Chinesa (foto de 2010) |
Em volta da torre está localizado o maior e mais famoso dos
biergärten existentes no parque, com capacidade para 7.000 pessoas. Lotado com gente comendo e bebendo sentada em seus bancos verdes, o biergarten é rodeado de vários quiosques onde se pode comprar as comidas típicas da Baviera e, claro, cerveja. Um senhor em especial chamava a atenção, paramentado com a veste típica alpina, incluindo calça lederhose e chapéu tirolês com pluma. Possivelmente era membro de alguma das bandas de canções folclóricas que de vez em quando tocam na torre.
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Vista do biergarten da Torre Chinesa |
Os biergärten ou jardins da cerveja são uma das maiores atrações do país e uma verdadeira obsessão dos alemães, principalmente os bávaros. Munique é famosa pelas cervejas que produz, como a Augustiner, fabricada pela cervejaria mais antiga da cidade ainda em atividade e por muitos considerada a melhor, a Hofbräu e a Paulaner, três das seis cervejas que dominam o cenário da
Oktoberfest a cada mês de setembro (!!) no campo de Theresienwisse. O nome decorre da razão para a criação da festa, concebida para celebrar o casamento do rei Ludwig I com Therese, ocorrido em outubro de 1810 (e sim, o campo foi denominado em homenagem à noiva). Todas as cervejas fabricadas na Baviera seguem uma lei rigorosa de pureza, que acaba de completar 500 anos, onde só entram quatro ingredientes: água, malte, lúpulo e levedo, sem aditivos.
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"O Homem Andando", em Schwabing |
Após perambular pelo parque, uma boa pedida para quem ainda tiver disposição é sair pelo lado oeste e ir conhecer o bairro vizinho de
Schwabing, uma antiga área boêmia que abriga a universidade, museus e vários exemplos de casas em estilo art-nouveau. Aliás, a universidade é a responsável pela grande presença de jovens no parque. Na rua principal do bairro, a Leopoldstraße, se destaca a estátua do "Homem Andando", com 17 metros de altura, criada em 1995. Simples, enorme e instigante.
⏩➧ Este é o quarto post da série sobre a viagem pelo sul e centro da Alemanha. Para visualizar os demais, acesse Novo Tour pela Alemanha.
⏬Outros posts no blog sobre Munique e arredores alcançados por passeio de um dia:
Postado por Marcelo Schor em 03.08.2017
Oi, Marcelo. Tudo bem? :)
ResponderExcluirSeu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
Natalie, obrigado!
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