As ruínas de Port Arthur |
A atração mais famosa da Tasmânia são as ruínas de um presídio. Port Arthur não foi um presídio qualquer, mas uma prisão destinada aos condenados reincidentes e considerados os mais perigosos. Situado numa baía de beleza privilegiada, numa das mais pitorescas penínsulas do estado, Port Arthur foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2010, junto com outras localidades históricas penais na Austrália.
A Tasman Península, onde se localiza Port Arthur, se situa a sudeste de Hobart e é separada do resto da Tasmânia por uma faixa de terra com somente alguns metros de largura, a Eaglehawk Neck. Nas primeiras décadas da colonização inglesa na Austrália, a população da Tasmânia (na época chamada de Van Diemen's Land) era constituída basicamente de condenados e seus guardas, espalhados por núcleos como Hobart. O Governador George Arthur, o mesmo que perseguiu ferozmente os aborígenes, achou que o isolamento natural da península era ideal para abrigar os presos mais perigosos e criou o presídio de Port Arthur em 1831. Lá os condenados eram sujeitos a trabalhos forçados e submetidos a uma disciplina bastante rígida, com a aplicação de açoites em caso de não cumprimento do regulamento. As autoridades afirmavam que Port Arthur era uma "máquina de moer que transforma delinquentes em pessoas honestas". As penas se iniciavam com sete anos de cumprimento da sentença. Ao longo do século XIX cerca de 75.000 prisioneiros foram enviados à Tasmânia até o ano de 1853, quando seu transporte foi proibido. O presídio, que em seu auge abrigou 1.200 prisioneiros, foi fechado em 1877.
Mapa da Tasman Peninsula - fonte: tasmanpeninsula.com.au |
A Tasman Península, onde se localiza Port Arthur, se situa a sudeste de Hobart e é separada do resto da Tasmânia por uma faixa de terra com somente alguns metros de largura, a Eaglehawk Neck. Nas primeiras décadas da colonização inglesa na Austrália, a população da Tasmânia (na época chamada de Van Diemen's Land) era constituída basicamente de condenados e seus guardas, espalhados por núcleos como Hobart. O Governador George Arthur, o mesmo que perseguiu ferozmente os aborígenes, achou que o isolamento natural da península era ideal para abrigar os presos mais perigosos e criou o presídio de Port Arthur em 1831. Lá os condenados eram sujeitos a trabalhos forçados e submetidos a uma disciplina bastante rígida, com a aplicação de açoites em caso de não cumprimento do regulamento. As autoridades afirmavam que Port Arthur era uma "máquina de moer que transforma delinquentes em pessoas honestas". As penas se iniciavam com sete anos de cumprimento da sentença. Ao longo do século XIX cerca de 75.000 prisioneiros foram enviados à Tasmânia até o ano de 1853, quando seu transporte foi proibido. O presídio, que em seu auge abrigou 1.200 prisioneiros, foi fechado em 1877.
As escarpas da costa da Tasman Peninsula vistas de Devil's Kitchen |
Para conhecer a Tasman Peninsula e Port Arthur, localizado a cem quilômetros de Hobart, embarquei numa excursão de dia inteiro pela Adventure Island Tours. Fui o último a ser pego na porta do hotel às 7h50min, eram somente mais cinco excursionistas. Durante o percurso o guia/motorista passou diversos vídeos que iam contando a história conturbada de Port Arthur. Desta forma, todo o tempo que tive por lá pôde ser utilizado nos meus passeios, sem perder tempo ouvindo explicações do guia. Bola dentro. A reconstituição em vídeo que mais me impressionou foi a da primeira ferrovia da Austrália construída para passageiros e cargas chegarem a Port Arthur por terra. Os trilhos eram em declive e não havia locomotiva; a força que impulsionava o vagonete que carregava os passageiros era a dos presos, que o paravam com os sapatos na descida e o empurravam morro acima na subida.
A caminho de Port Arthur, paramos em Eaglehawk Neck para tirar fotos do monumento a guardiães muito eficientes: a fuga dos presos era coibida por uma fila de cachorros colocados no istmo. Como mostra o monumento, muitos estavam acorrentados há anos, sendo bem ferozes. Estes animais, aliados ao peixe simpático que singra a região, o tubarão, foram responsáveis pelo baixíssimo índice de fuga em Port Arthur. Para tornar o esquema ainda mais aperfeiçoado, havia plataformas no mar a pouca distância da praia para dar algum alerta.
Pirates Bay, a praia junto a Eaglehawk Neck que é point de surfistas |
A caminho de Port Arthur, paramos em Eaglehawk Neck para tirar fotos do monumento a guardiães muito eficientes: a fuga dos presos era coibida por uma fila de cachorros colocados no istmo. Como mostra o monumento, muitos estavam acorrentados há anos, sendo bem ferozes. Estes animais, aliados ao peixe simpático que singra a região, o tubarão, foram responsáveis pelo baixíssimo índice de fuga em Port Arthur. Para tornar o esquema ainda mais aperfeiçoado, havia plataformas no mar a pouca distância da praia para dar algum alerta.
Monumento aos cães de guarda em Eaglehawk Neck |
Chegamos a Port Arthur e tivemos bastante tempo para percorrer o local, composto por mais de trinta construções que formavam o complexo, e para apreciar a bela baía que o banha e praticamente divide a península em duas. O sítio histórico impressiona pelo tamanho. As edificações estão em estado variado de conservação, e englobam não só o presídio propriamente dito, mas a vila construída ao seu redor para os guardas e suas famílias, com diversos prédios públicos. Após o fechamento da prisão, a vila de Port Arthur passou a se chamar Carnavon para fugir do estigma, mas voltou ao nome original assim que perceberam que podiam lucrar com o potencial turístico do lugar.
Como eu estava numa excursão, o ingresso já estava incluído, mas quem chegava por conta própria pagava 39 dólares australianos, com direito a um tour guiado de 40 minutos (que não fiz, já que havia assistido aos vídeos de bordo) e a um cruzeiro de 25 minutos pela baía (que fiz), com horário pré-marcado. O ingresso é válido por dois dias.
Inicialmente os presos eram alocados em barracões, mas logo ergueram o prédio principal na beira da baía, cercado por instalações militares. O presídio (nº 1 no mapa), assim como as instalações, está hoje em ruínas devido a um incêndio iniciado na mata alguns anos após o seu fechamento. Há obras em andamento para recuperação da estrutura. Já os galpões onde os presos trabalhavam em ofícios como carpinteiros, ferreiros ou construtores de embarcações desapareceram por completo.
Se só podemos imaginar como eram as celas do pavilhão principal, a situação muda de figura em outras instalações. O Hospício (nº 12) e a Prisão Separada (nº 13) foram inaugurados nos anos 1850 e estão inteiros. O hospício hoje sedia um museu e uma cafeteria onde almocei um sanduíche de queijo com frango. Pode-se ainda percorrer os corredores da Prisão Separada e seus cubículos que serviam como solitárias. Na época foi introduzido um novo método de se lidar com os presidiários - ao invés do castigo físico, o mental. Eles eram colocados por um mês nas celas da Prisão Separada, onde permaneciam por 23 horas dormindo, comendo e trabalhando. Na hora restante eram levados ao pátio murado externo, um de cada vez, onde ficavam com um capuz cobrindo a cabeça. Não admira a presença de um hospício ali ao lado. Existia ainda um hospital (nº 9) onde os presos eram tratados, sendo as maiores causas de mortalidade acidentes de trabalho e doenças respiratórias.
Em contraste total com a prisão, os Government Gardens são jardins que não mudaram quase nada desde a época de funcionamento do complexo penitenciário, conforme atestam fotos de 150 anos atrás, onde se destaca a fonte no seu centro. Além de terem à disposição os belos jardins, as famílias dos guardas dispunham de vários encontros sociais para amenizar a aura do lugar.
No final dos jardins numa pequena colina se situa a Igreja dos Condenados (nº 21), onde os presos eram obrigados a assistir à missa dominical, considerada atividade essencial na sua recuperação social. A igreja tinha capacidade superior a mil pessoas. Também destruída por um incêndio, hoje só restam suas paredes e torres de pedra, muito bem restauradas. De certos ângulos, o templo se assemelha a um castelo. Esta foi a edificação de que mais gostei em todo o sítio histórico. As paredes iluminadas pelo sol com os buracos de janela vazados mostrando a natureza ao redor formam um espetáculo à parte, único para fotografias fora do comum. Com toda essa beleza, o local é cenário concorrido para eventos. Existe outra igreja nos fundos, bem menor, construída há 90 anos, onde cultos são celebrados.
Após passear pelos jardins e pelas trilhas da orla, chegou a hora do passeio de barco saindo do ancoradouro. O cruzeiro incluso no ingresso faz duas paradas enquanto navega pela baía cercada por morros cobertos por florestas. O barco estava lotado, mas poucos visitantes desceram nestas paradas, já que seus tours guiados são pagos à parte. A primeira é a Isle of the Dead, que como o nome sugere era o cemitério do complexo, com mais de mil túmulos de condenados, de guardas e de seus familiares. A segunda, do outro lado da baía, é o reformatório de Port Puer. O nome vem de raiz latina, a mesma da palavra "pueril". A prisão se destinava a reformar garotos entre 9 e 17 anos de idade. A disciplina ali também era bem rigorosa, incluindo trabalho forçado, mas além da educação propriamente dita, um ofício era ensinado a eles e muitos saíam da prisão com uma profissão, não voltando a delinquir. Outros não tomavam jeito e acabavam transferidos para Port Arthur.
Como se não bastasse toda a história sofrida do lugar, foi em Port Arthur que ocorreu o pior massacre da história australiana moderna. Em 1996 um atirador matou 35 pessoas e deixou outras 23 feridas ao abrir fogo contra turistas em um café e na loja de suvenires do complexo. As leis de controle de armas foram reformuladas no país após o massacre e o assassino hoje cumpre sentença de prisão perpétua sem direito a redução de pena numa solitária do presídio de Hobart. O café foi demolido exceto por uma parede e o local transformada num memorial em honra das vítimas, o Memorial Gardens.
Ao sairmos de Port Arthur no meio da tarde, adentramos o Tasman National Park, que cobre parte da península e paramos em dois locais próximos um do outro onde a natureza nos brinda com formações fora do comum. O primeiro, Tasman Arch, é uma grande fenda junto ao mar coberta por alguns metros de pedra formando um arco natural, enquanto o segundo, Devil's Kitchen, é um rasgo nos penhascos por onde a água do mar penetra com fúria muitos metros abaixo do mirante. A vista para a península é de cair o queixo, como mostra a segunda foto do post.
Curiosamente o isolamento da Tasman Peninsula hoje fomenta um projeto com finalidade bem mais edificante do que no passado. A península é um dos redutos naturais do diabo-da-tasmânia, o marsupial comumente associado à ilha. Infelizmente a população de diabos-da-tasmânia no restante do estado vem sendo dizimada por um câncer facial contagioso. Os diabos da península foram pouco afetados por enquanto e pesquisadores estão empenhados em salvá-los da extinção. Se você quiser vê-los, uma opção é passar pelo Tasmanian Devil Park, a meio caminho entre Port Arthur e Eaglehawk Neck na localidade de Taranna, onde convivem com outros espécimes da exótica fauna australiana.
Antes de retornar a Hobart fizemos uma última parada em Richmond, uma cidade que estacou no tempo. O núcleo pacato hoje é uma vila do interior com somente novecentos moradores, mas já foi uma das maiores cidades australianas nos tempos coloniais. Sua atração principal é a ponte sobre o rio Coal, a mais antiga ponte de pedra da Austrália. Inaugurada em 1823, como quase todas as construções da época foi erguida com o trabalho dos condenados, unidos por correntes de ferro. Há quem acredite que a ponte é assombrada pelo fantasma do feitor dos condenados, que abusava das chibatadas durante as obras. O tirano acabou morto pelos prisioneiros e seu corpo foi atirado no rio.
Em Richmond aconteceu algo incomum. A van da excursão entrou na rua principal pela ponte, percorreu toda sua extensão e parou na saída do outro lado da cidade. Aí o guia se virou para mim e sugeriu que eu percorresse Richmond a pé, reencontrando o grupo na ponte uma hora depois. Meio surpreso, aceitei e desci, aproveitando a caminhada para apreciar os casarões coloniais preservados e seguir pela trilha que acompanha o rio junto à ponte, famosa pelos patos que a habitam. Não tenho a menor ideia do que o guia fez com os outros cinco excursionistas durante o período, todos americanos na terceira idade.
No próximo post condenados e diabos-da-tasmânia saem definitivamente dos holofotes para dar lugar às atrações naturais e gastronômicas da Bruny Island.
⏩➧ Este é o terceiro post da série sobre a Tasmânia. Para visualizar os demais, acesse Tasmânia, a ilha deslumbrante ao sul da Austrália.
Mapa de Port Arthur - fonte: folheto distribuído no local |
Como eu estava numa excursão, o ingresso já estava incluído, mas quem chegava por conta própria pagava 39 dólares australianos, com direito a um tour guiado de 40 minutos (que não fiz, já que havia assistido aos vídeos de bordo) e a um cruzeiro de 25 minutos pela baía (que fiz), com horário pré-marcado. O ingresso é válido por dois dias.
Aspectos do prédio principal do presídio |
Inicialmente os presos eram alocados em barracões, mas logo ergueram o prédio principal na beira da baía, cercado por instalações militares. O presídio (nº 1 no mapa), assim como as instalações, está hoje em ruínas devido a um incêndio iniciado na mata alguns anos após o seu fechamento. Há obras em andamento para recuperação da estrutura. Já os galpões onde os presos trabalhavam em ofícios como carpinteiros, ferreiros ou construtores de embarcações desapareceram por completo.
Recanto bucólico junto ao presídio |
Se só podemos imaginar como eram as celas do pavilhão principal, a situação muda de figura em outras instalações. O Hospício (nº 12) e a Prisão Separada (nº 13) foram inaugurados nos anos 1850 e estão inteiros. O hospício hoje sedia um museu e uma cafeteria onde almocei um sanduíche de queijo com frango. Pode-se ainda percorrer os corredores da Prisão Separada e seus cubículos que serviam como solitárias. Na época foi introduzido um novo método de se lidar com os presidiários - ao invés do castigo físico, o mental. Eles eram colocados por um mês nas celas da Prisão Separada, onde permaneciam por 23 horas dormindo, comendo e trabalhando. Na hora restante eram levados ao pátio murado externo, um de cada vez, onde ficavam com um capuz cobrindo a cabeça. Não admira a presença de um hospício ali ao lado. Existia ainda um hospital (nº 9) onde os presos eram tratados, sendo as maiores causas de mortalidade acidentes de trabalho e doenças respiratórias.
O bonito edifício do Hospício com a Prisão Separada no canto direito |
O lúgubre corredor da Prisão Separada |
Em contraste total com a prisão, os Government Gardens são jardins que não mudaram quase nada desde a época de funcionamento do complexo penitenciário, conforme atestam fotos de 150 anos atrás, onde se destaca a fonte no seu centro. Além de terem à disposição os belos jardins, as famílias dos guardas dispunham de vários encontros sociais para amenizar a aura do lugar.
Government Gardens, com as pontas das torres da igreja aparecendo no alto à esquerda |
No final dos jardins numa pequena colina se situa a Igreja dos Condenados (nº 21), onde os presos eram obrigados a assistir à missa dominical, considerada atividade essencial na sua recuperação social. A igreja tinha capacidade superior a mil pessoas. Também destruída por um incêndio, hoje só restam suas paredes e torres de pedra, muito bem restauradas. De certos ângulos, o templo se assemelha a um castelo. Esta foi a edificação de que mais gostei em todo o sítio histórico. As paredes iluminadas pelo sol com os buracos de janela vazados mostrando a natureza ao redor formam um espetáculo à parte, único para fotografias fora do comum. Com toda essa beleza, o local é cenário concorrido para eventos. Existe outra igreja nos fundos, bem menor, construída há 90 anos, onde cultos são celebrados.
Vistas externa e interna da Igreja dos Condenados |
Após passear pelos jardins e pelas trilhas da orla, chegou a hora do passeio de barco saindo do ancoradouro. O cruzeiro incluso no ingresso faz duas paradas enquanto navega pela baía cercada por morros cobertos por florestas. O barco estava lotado, mas poucos visitantes desceram nestas paradas, já que seus tours guiados são pagos à parte. A primeira é a Isle of the Dead, que como o nome sugere era o cemitério do complexo, com mais de mil túmulos de condenados, de guardas e de seus familiares. A segunda, do outro lado da baía, é o reformatório de Port Puer. O nome vem de raiz latina, a mesma da palavra "pueril". A prisão se destinava a reformar garotos entre 9 e 17 anos de idade. A disciplina ali também era bem rigorosa, incluindo trabalho forçado, mas além da educação propriamente dita, um ofício era ensinado a eles e muitos saíam da prisão com uma profissão, não voltando a delinquir. Outros não tomavam jeito e acabavam transferidos para Port Arthur.
O barco do passeio chegando ao ancoradouro |
Como se não bastasse toda a história sofrida do lugar, foi em Port Arthur que ocorreu o pior massacre da história australiana moderna. Em 1996 um atirador matou 35 pessoas e deixou outras 23 feridas ao abrir fogo contra turistas em um café e na loja de suvenires do complexo. As leis de controle de armas foram reformuladas no país após o massacre e o assassino hoje cumpre sentença de prisão perpétua sem direito a redução de pena numa solitária do presídio de Hobart. O café foi demolido exceto por uma parede e o local transformada num memorial em honra das vítimas, o Memorial Gardens.
A Torre de Guarda do presídio.Ao fundo à esquerda, a área do memorial em honra das vítimas do massacre |
Ao sairmos de Port Arthur no meio da tarde, adentramos o Tasman National Park, que cobre parte da península e paramos em dois locais próximos um do outro onde a natureza nos brinda com formações fora do comum. O primeiro, Tasman Arch, é uma grande fenda junto ao mar coberta por alguns metros de pedra formando um arco natural, enquanto o segundo, Devil's Kitchen, é um rasgo nos penhascos por onde a água do mar penetra com fúria muitos metros abaixo do mirante. A vista para a península é de cair o queixo, como mostra a segunda foto do post.
Tasman Arch |
Curiosamente o isolamento da Tasman Peninsula hoje fomenta um projeto com finalidade bem mais edificante do que no passado. A península é um dos redutos naturais do diabo-da-tasmânia, o marsupial comumente associado à ilha. Infelizmente a população de diabos-da-tasmânia no restante do estado vem sendo dizimada por um câncer facial contagioso. Os diabos da península foram pouco afetados por enquanto e pesquisadores estão empenhados em salvá-los da extinção. Se você quiser vê-los, uma opção é passar pelo Tasmanian Devil Park, a meio caminho entre Port Arthur e Eaglehawk Neck na localidade de Taranna, onde convivem com outros espécimes da exótica fauna australiana.
Antes de retornar a Hobart fizemos uma última parada em Richmond, uma cidade que estacou no tempo. O núcleo pacato hoje é uma vila do interior com somente novecentos moradores, mas já foi uma das maiores cidades australianas nos tempos coloniais. Sua atração principal é a ponte sobre o rio Coal, a mais antiga ponte de pedra da Austrália. Inaugurada em 1823, como quase todas as construções da época foi erguida com o trabalho dos condenados, unidos por correntes de ferro. Há quem acredite que a ponte é assombrada pelo fantasma do feitor dos condenados, que abusava das chibatadas durante as obras. O tirano acabou morto pelos prisioneiros e seu corpo foi atirado no rio.
A Ponte de Richmond |
Em Richmond aconteceu algo incomum. A van da excursão entrou na rua principal pela ponte, percorreu toda sua extensão e parou na saída do outro lado da cidade. Aí o guia se virou para mim e sugeriu que eu percorresse Richmond a pé, reencontrando o grupo na ponte uma hora depois. Meio surpreso, aceitei e desci, aproveitando a caminhada para apreciar os casarões coloniais preservados e seguir pela trilha que acompanha o rio junto à ponte, famosa pelos patos que a habitam. Não tenho a menor ideia do que o guia fez com os outros cinco excursionistas durante o período, todos americanos na terceira idade.
No próximo post condenados e diabos-da-tasmânia saem definitivamente dos holofotes para dar lugar às atrações naturais e gastronômicas da Bruny Island.
⏩➧ Este é o terceiro post da série sobre a Tasmânia. Para visualizar os demais, acesse Tasmânia, a ilha deslumbrante ao sul da Austrália.
Postado por Marcelo Schor em 26.12.2017
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