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Tasmânia, a ilha deslumbrante ao sul da Austrália

Vista da Tasman Peninsula, onde se situa Port Arthur

        Tasmânia. Um lugar que eu já ansiava visitar há tempos, mas que a distância excessiva do Brasil sempre fazia com que eu adiasse o projeto. A ilha situada ao sul da Austrália, separada dela por um estreito com 240 quilômetros de largura, tem tudo para agradar ao turista: parques nacionais com natureza exuberante, animais que não se encontra em outras paragens, cidades que parecem saídas do interior da Inglaterra e uma história diferente e triste, que inclui condenados e aborígenes. Surpresas acontecem a toda hora, como as ruínas do presídio mais famoso da Austrália situadas num lugar de beleza ímpar e um desfiladeiro fluvial impressionante que surge quando você praticamente vira a esquina em Launceston. No final da minha estadia de cinco noites, estava encantado.

A Tasmânia na Austrália

Locais visitados na Tasmâna

          A Tasmânia (ou "Tassie", como os australianos costumam apelidar a ilha) não é tão pequena quanto se pensa - sua superfície equivale a 1,5 Estado do Rio de Janeiro. Além disso, está situada mais ao sul do que parece, a capital Hobart está mais perto do Polo Sul que Bariloche, por exemplo. A ilha é muito montanhosa, e o clima é temperado e instável, chuva e sol costumam se alternar. No entanto, Hobart é uma das capitais mais secas da Austrália. Estive lá em meados de outubro, em plena primavera, quando eventualmente ainda neva nos picos das montanhas, e dei sorte. Para meu desespero, consultei a previsão do tempo em Sydney alguns dias antes e só dava chuva. No entanto, o sol apareceu bastante e a chuva só deu as caras enquanto eu viajava de ônibus de Hobart para Launceston, ou seja, não atrapalhou em nada. A temperatura variou entre 9 e 22 graus, acima da máxima normal do mês, que gira em torno dos 17 °C. A alta temporada coincide com as férias brasileiras; no verão as temperaturas são ainda bem amenas, a média da máxima em Hobart em janeiro é de 22°C.

O cânion de Cataract Gorge em Launceston

             Mais de 40% da Tasmânia é formada por parques nacionais, o que faz com que a natureza esteja bastante conservada, tornando a ilha propícia para o turismo ecológico. Trilhas de caminhada pelas matas e montanhas não faltam.  A população escassa,  520.000 habitantes, e a pouca industrialização (a Tasmânia é o estado mais pobre da federação, mas nem sempre foi assim) fazem com que tudo tenha sido preservado ao longo das décadas. Grande área da Tasmânia forma a "tasmanian wilderness", coberta por florestas temperadas nomeada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

South Bruny National Park

           Hoje o turismo representa uma fatia cada vez maior da economia local, que tem na agricultura, na ovinocultura e na mineração outras fontes de renda. Uma coisa que chama a atenção é a quantidade de pessoas da terceira idade - a Tasmânia é considerada um ótimo lugar para se viver após a aposentadoria, enquanto os jovens migram para outros estados em busca de oportunidades melhores.

As ruínas da prisão de Port Arthur, maior atração turística da Tasmânia

               A história da Tasmânia é curiosíssima. Originalmente habitada por aborígenes que chegaram quando a ilha ainda era unida por terra à Austrália, foi descoberta pelo navegador holandês Abel Tasman em 1642, que a batizou de Van Diemen's Land, nome do governador das Índias Orientais. Os ingleses fundaram Hobart em 1804 e a Austrália passou a ser destino dos presos do Império Britânico. Sendo uma ilha bem isolada, a Tasmânia era o lugar perfeito para colocá-los e os condenados passaram a chegar em massa. As rusgas com os aborígenes geraram massacres e degredo dos habitantes nativos originais para uma ilha no canal que separa a Tasmânia da Austrália. Em 1876 morreria a última aborígene. Os condenados só pararam de chegar na década de 1850, e em 1856 a ilha mudaria seu nome para Tasmânia numa tentativa bem sucedida de se apagar a péssima imagem que tinha como lugar violento e desolado. Famílias australianas passaram a popular as cidades e a Tasmânia finalmente progrediu, passando a integrar o país como seu sexto estado quando a Austrália se tornou independente em 1901 - cada estrela na bandeira da Austrália representa um estado que formou a Federação.

Monumento ao descobridor da Tasmânia, Abel Tasman, junto à Salamanca Place em Hobart

          Sendo uma ilha, praticamente todos usam o transporte aéreo para chegar à Tasmânia. Há dois aeroportos conectados às demais capitais da Austrália: o da capital Hobart e o da segunda cidade em população, Launceston, no norte do estado. Como há atrações de interesse em ambas, cheguei por uma e saí pela outra. Na ida embarquei no voo Sydney-Hobart, com pouco menos de duas horas de duração pela Jetstar, subsidiária low cost da Qantas. Na volta o voo Launceston-Melbourne foi realizado pela Virgin Australia, outra companhia com preços bons, num trajeto bem mais curto, de uma hora de duração, mas com direito a um sanduíche gostoso a bordo. Embarques supertranquilos e voos pontuais e sem incidentes. Reservei um lugar na janela do lado esquerdo no voo para Hobart, para apreciar a vista linda das costas recortadas e montanhosas da Tasmânia pouco antes da descida.

Diabo-da-tasmânia em pelúcia, um dos suvenires mais frequentes em Hobart

        Eu deveria ter passado mais tempo na Tasmânia, pois há muito mais para visitar. Acabei deixando de fora atividades mais extenuantes como a subida ao mirante de Wineglass Bay, uma baía lindíssima mas longe de Hobart. Com a passagem até a Austrália já comprada e tendo que dividir os dias de estadia com Sydney e Melbourne, meu roteiro acabou ficando assim:
             dia 1 - chegada a Hobart no meio da tarde.
             dia 2 - passeios por Hobart.
             dia 3 - excursão de dia inteiro a Port Arthur, na Tasman Peninsula, e a Richmond.
             dia 4 - excursão de dia inteiro à Bruny Island.
             dia 5 - viagem de ônibus para Launceston e visita ao desfiladeiro de Cataract Gorge à tarde.
             dia 6 - passeios por Launceston e saída à tarde.

Marina de Hobart

              Divididas as noites de estadia entre Hobart e Launceston, como de hábito dispensei o uso do carro (ainda mais com a mão inglesa em uso na Austrália) e reservei excursões a dois dos parques nacionais mais famosos da Tasmânia, Tasman e South Bruny National Parks.

Colorido singular das árvores do Royal Park em Lauceston

⏬ Posts publicados sobre a Tasmânia:


 Postado por  Marcelo Schor  em 03.12.2017 

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