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Roteiro em Sydney: as atrações do centro


Teseu e o Minotauro na Archibald Fountain diante da Catedral de St. Mary

          Maior metrópole da Oceania com mais de 4,6 milhões de habitantes, Sydney ainda por cima tem qualidade de vida invejável e índice de violência baixo. Situada numa baía de beleza inegável, tem atrações para todos os gostos. Muitas delas estão no centro da cidade, conhecido pela sigla CBD - Common Business District, ou no seu entorno. Por isso o centro é o escolhido pela maioria dos visitantes para se hospedar, nos quais me incluí. Autêntico caldeirão cultural, com muitos imigrantes residentes, o centro é extenso, e aqui apresento algumas das atrações que podem ser conhecidas dentro dos seus limites, entre monumentos arquitetônicos, museus e galerias.



              Mais uma vez partindo do Circular Quay, nosso trajeto começa pela Customs House, bem em frente ao terminal marítimo. A edificação de 174 anos sediou a alfândega até 1990 e hoje abriga a biblioteca municipal e exposições variadas. Além de apreciar a belíssima fachada, vale a pena entrar e se maravilhar com o chão de vidro sobre uma grande maquete de todo o centro de Sydney, fazendo parecer uma vista aérea muito detalhada.  

Customs House

          A um quarteirão de distância, o Museum of Sydney é um museu instalado no local da primeira Government House, uma estrutura pré-fabricada carregada em um dos navios da Primeira Frota em 1788.  O foco do museu são exatamente estes primeiros tempos de Sydney, contando a vida dos colonos e aborígenes daquela época e sua conturbada relação. Interessante para quem curte conhecer a história dos locais que visita, como é meu caso. O ingresso custou 12 dólares.

Parlamento de New South Wales
   
          Seguindo em direção ao sul, o caminho mais turístico é pela Macquarie Street, a rua que durante a maior parte do seu percurso separa o centro de Sydney dos Royal Botanic Gardens. Imaginada pelo governador que lhe deu o nome como uma vitrine da cidade, a rua contém na sua metade final uma sucessão de prédios clássicos projetados para abrigar diversas funções públicas. Um ao lado do outro estão a State Library, o Parlamento, o Sydney Hospital, a antiga Casa da Moeda e Hyde Park Barracks. Os prédios do Parlamento até a Casa da Moeda formavam o primeiro hospital da cidade, conhecido como Rum Hospital por ter sido construído em troca do monopólio da importação de rum. Aliás, com sua arquitetura colonial australiana típica com varanda, a edificação do Parlamento parece tudo menos a sede do legislativo estadual.

           Já o Sydney Hospital estava com a fachada em obras e não pude apreciar Il Porcellino, estátua de um javali idêntica à homônima famosa de Florença. Talvez aproveitem para restaurar o focinho do bicho, gasto devido à superstição de esfregá-lo após se deixar um donativo para o hospital na caixinha adjacente em troca de boa sorte. Por sinal, a escultura foi doada por uma marquesa florentina com o objetivo de levantar fundos para o hospital.

Hyde Park

               A Macquarie Street termina no Hyde Park, o mais antigo parque do país. Ocupando o espaço de várias quadras no coração da cidade, o Hyde Park é bem menor que o parque londrino que lhe emprestou o nome.  Dividido em dois pela Park Street, tem como um dos grandes destaques a alameda de figueiras, cujas copas se fecham sobre o caminho. A porção norte do parque é dominada pela Archibald Fountain, uma fonte imponente em estilo art-déco com a estátua elevada de Apolo, cercada por três outras estátuas dispostas em triângulo, também com motivações da mitologia grega: Teseu contra o Minotauro, Diana e Pan,  deuses da caça e dos bosques, respectivamente. Nos dias que passei em Sydney houve de tudo ao redor da fonte, desde apresentações de música até noivos tirando fotos com a fonte ao fundo. 

A estátua de Apolo na Archibald Fountain ladeada por Diana (à esquerda) e Pan. 

            Embelezando ainda mais o cenário da fonte está a Catedral de St. Mary, o principal  templo católico de Sydney e mais longa igreja da Austrália. Foi construída em 1868 no estilo neogótico, após um incêndio que devorou a igreja anterior. É difícil acreditar que suas pontas de torres duplas, que constavam do projeto original, só foram concluídas em 2000, o ano dos Jogos Olímpicos. Certamente a catedral não chamava tanto a atenção como hoje.

A frente da vetusta Catedral e suas pontas de torre ainda adolescentes

              Ocupando a extremidade sul do Hyde Park estão a Pool of Reflection (Piscina da Reflexão) e o Anzac Memorial, também em estilo art-déco. O memorial foi construído para homenagear os soldados da Austrália e da Nova Zelândia que lutaram na Primeira Guerra Mundial - Anzac era a sigla como ficaram conhecidas as tropas destes dois países. O Anzac Memorial, assim como seus congêneres das outras capitais australianas que visitei, teve sua homenagem ampliada aos soldados que deram a vida em combates de guerras posteriores.

Pool of Reflection diante do Anzac Memorial

                Com a fachada em granito rosa com várias estátuas a enfeitando, o Anzac Memorial possui o interior em mármore com centro vazado do subsolo ao teto. No subsolo uma estátua pungente mostra um jovem estirado morto sobre um pedestal, possivelmente representando um combatente. O que intriga é não estar coberto por qualquer roupa, não entendi a intenção do escultor. De qualquer forma, o conjunto ganha dramaticidade ao ser visto de cima a partir do térreo. Quanto ao teto do monumento, quem o aprecia do chão nota que está coalhado de pontos. Na realidade são 120.000 estrelas douradas, que representam o número de nativos do estado que serviram na Primeira Guerra. Quando o monumento foi construído na década de 30 houve uma campanha para que a população patrocinasse cada estrela, visando angariar fundos para sua conclusão. Hoje, exatos cem anos após os combates das tropas, há obras de restauração no entorno do memorial e coincidentemente uma nova campanha para compra das estrelinhas.

A estátua no subsolo do Anzac Memorial

            A uma quadra a leste do parque na Market Street está a construção mais alta da cidade, a Sydney Tower. Com 309 metros de altura, possui lá no alto um observatório (250 m de altura) de onde se pode observar os marcos da cidade espalhados pelos quatro pontos cardeais. Das grandes atrações do centro, só não dá para vislumbrar bem a Ópera e o Circular Quay, com a visão atrapalhada pela montanha de arranha-céus,

Sydney Tower vista do Hyde Park
     
            Os quatro andares do cume da torre abrigam além do observatório dois restaurantes giratórios. Acima existe uma enorme caixa d'água de 162.000 litros que ajuda a estabilizar a estrutura da torre. O ingresso para o observatório inclui um  filme de quatro minutos em 4-D assistido antes do embarque nos elevadores ultrarrápidos.

Vista da torre para o norte: Harbour Bridge a a Baía de Sydney

Vista para o sul: Hyde Park e Anzac Memorial

             Há ainda a opção paga à parte de se apreciar a vista a partir do lado de fora do último andar. Já os primeiros andares do edifício da torre são ocupados por um shopping, com uma praça de alimentação ocupando todo um andar, que quebrou o meu galho algumas vezes, já que o hotel ficava a poucas quadras da torre. Para maiores informações sobre o observatório, acesse seu site.

Calçadão da Pitt Street

           Uma das saídas do shopping da torre dá na Pitt Street, naquele trecho um calçadão que é ponto de todo tipo de manifestação. O metro para aluguel comercial ali está entre os cinco mais caros do planeta. Da mesma forma que Melbourne, Sydney também possui galerias de compra inauguradas no século retrasado que por si só já são atração turística. Uma das mais famosas é a Strand Arcade, neste mesmo quarteirão da Pitt Street. A galeria bem conservada de teto de vidro ainda retém muito do charme de quando foi inaugurada há 125 anos. Melburnians e Sydneysiders discutem há séculos (literalmente) sobre quem tem a honra de sediar a galeria mais bonita, Royal ou Strand Arcade.

Galeria do Queen Victoria Building

            Nas cercanias se encontra a outra galeria imperdível em Sydney, ocupando um prédio de cinco andares em um quarteirão inteiro que foi por muito tempo o mercado da cidade. O Queen Victoria Building, também conhecido pela sigla QVB, estava em mau estado quando foi restaurado e transformado num shopping no início da década de 80. Hoje abriga lojas que incluem estabelecimentos voltados para o público mais sofisticado, como joalherias e antiquários. Digno de nota na longa galeria é um dos relógios dependurados no teto, o Great Australian Clock, com nada menos que dez metros de altura e quatro toneladas de peso. Suas faces apresentam cenas da história australiana e a passagem do tempo é também representada pelas figuras de um caçador aborígene e de um barco a vela circundando o relógio. Para culminar, não podia faltar na frente do Queen Victoria uma estátua da soberana, que reinava havia sessenta anos quando o prédio foi construído no final do século XIX.

O QVB à esquerda e ao fundo, a Prefeitura

             Em frente ao Queen Victoria Building está outro marco vitoriano de Sydney, a Prefeitura. Quando foi inaugurada, foi alvo de polêmica pela arquitetura diferente e recebeu o apelido de "bolo de noiva" devido ao formato da sua torre. O destaque no interior é o extravagante Centennial Hall, um salão de apresentações assim denominado por ter sido inaugurado no centenário da Austrália, e que era o maior da cidade até a inauguração da Ópera. O magnífico órgão de tubos, também o maior na sua época, ocupa toda uma parede. A melhor pedida é verificar se há algum concerto de órgão na hora do almoço, sempre gratuito; infelizmente são raros, somente uma vez por mês em dias variados. Verifique as datas nesse site. Há ainda tours guiados pelos salões da Prefeitura às terças às 10h30min, com duração de duas horas e custando 5 dólares australianos.

Centenial Hall na Prefeitura de Sydney - fonte: creative commons Jason7825

                Concluímos o relato sobre as atrações do centro de Sydney  com Darling Harbour no próximo post, além de falar sobre os transportes da cidade.

⏬Outros posts sobre Sydney já publicados:

⏩➧ Este é o quarto post da série sobre Sydney. 

 Postado por  Marcelo Schor  em 20.05.2018 

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