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Barca saindo de Circular Quay |
Os encantos de Sydney não se resumem à região do centro da cidade e arredores. A cidade é imensa e algumas atrações se encontram do outro lado da baía. Nos dois últimos dias da minha estadia, com a temperatura subindo a níveis de verão carioca, visitei duas destas atrações: Manly e Taronga, sede de um dos zoológicos mais conhecidos da Austrália. Para chegar até lá, utilizei as barcas que varam a bela baía, podendo apreciar de um ângulo diferenciado os marcos que tornam Sydney única. As barcas em verde e amarelo, usadas pelos habitantes de Sydney no seu dia a dia, têm preço bem mais convidativo que os cruzeiros que costumam ser oferecidos pelas agências de turismo.
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A Ópera e um táxi aquático vistos da barca. |
Todas as barcas saem de um dos píeres do
Circular Quay, a estação aquaviária situada ao norte do centro de Sydney. Há um grande placar na entrada informando as próximas saídas e o respectivo píer. O terminal é facilmente acessível a pé ou por metrô, descendo na estação elevada que leva seu nome e cuja escadaria sai praticamente em frente aos píeres.
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Vista privilegiada da Harbour Bridge durante a navegação. |
Manly:
Um dos passeios mais bacanas que se pode fazer ao outro lado da baía é para
Manly, subúrbio que fica num istmo imprensado entre a baía e o Mar da Tasmânia. O trajeto da barca leva meia hora e passa por grande parte da extensão da Baía de Sydney, ladeada por bairros abastados da metrópole. A passagem cheia custava 8,70 dólares australianos, saindo pelo Opal card a 7,18 (falarei sobre o cartão no post sobre os transportes de Sydney). Com a localização bem na entrada da Baía de Sydney, um dos aspectos mais interessantes de Manly é o contraste entre as praias do lado da baía e do oceano, separadas por uma rua de somente dois quarteirões de extensão. O lugar é perfeito para se passar o dia, com uma atmosfera bem distinta de Sydney e muitos passeios e atividades à disposição.
A origem do nome Manly é bem curiosa. O Governador Phillips, o primeiro da colônia da Austrália, teceu o comentário que os aborígenes do local pareciam ser viris, e o adjetivo "manly" ficou para a posteridade. Certamente Phillips se arrependeu amargamente de suas palavras dois anos depois, pois ao fazer um acordo com os aborígenes simplesmente levou uma flechada no ombro em Manly Cove. E o mais surpreendente, não fez nenhuma retaliação posterior. Bennelong, o aborígene que organizou a visita quase fatal, teve seu nome dado à ponta onde hoje se situa a Ópera de Sydney.
Nos últimos séculos Manly ocuparia ainda um lugar importante na história da imigração australiana, ao abrigar de 1832 a 1984 a Estação de Quarentena, onde os imigrantes permaneciam isolados quando sob suspeita de estar com alguma doença contagiosa. Bem na ponta da península, o complexo hoje abriga um hotel, que oferece ghost tours noturnos pelas instalações desativadas.
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Manly Cove Beach com o Sea Life Sanctuary e o Manly Art Gallery Museum à direita. |
O terminal das barcas fica em
Manly Cove, o lado virado para a baía. A praia adjacente é calma, perfeita para famílias com crianças pequenas. De Manly Cove parte uma das trilhas mais famosas para caminhadas em Sydney, com dez quilômetros de extensão, acompanhando a orla da baía com praias pequenas pelo caminho até alcançar a Spit Bridge, que faz parte da estrada que liga Manly ao centro de Sydney.
Quando a barca se aproxima do terminal, um prédio circular no canto da praia de Manly Cove chama a atenção. Uma das maiores e mais tradicionais instituições de Manly, o
Sea Life Sanctuary ocupou as manchetes mundiais no mês anterior à minha visita ao abrigar um tubarão branco em recuperação, achado encalhado na costa das cercanias, e que recebeu o apelido singular de Fluffy ("fofo"). O simpático aquário, menor que seu congênere de Sydney, abrigava 2.000 exemplares da fauna marinha, com ênfase em tubarões, tartarugas e pinguins. Pois é, ao pesquisar informações para montar o post descobri que o aquário fechou as portas no final de janeiro de 2018, levando à remoção dos animais para outros estabelecimentos e causando uma verdadeira comoção em Manly. Ao seu lado está o gratuito
Manly Art Gallery and Museum, com exposições de artistas locais.
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Corso em Manly. |
Em frente ao terminal de barcas se inicia a rua principal, o calçadão chamado
Corso. Na rua se concentram o comércio e alguns restaurantes e sorveterias, que vieram a calhar para aplacar o calor. A pequena rua leva à Manly Beach, a praia oceânica. Seu nome é uma homenagem à romana Via del Corso. Nos fins de semana a primeira paralela do Corso, Market Place, sedia uma feira de produtos variados.
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Manly Beach |
A linda
Manly Beach é uma típica praia oceânica australiana. Com 1,5 quilômetro de extensão e um amplo calçadão sombreado por pinheiros altos seculares, a praia é um paraíso para surfistas. Na realidade, Manly é considerada por muitos o berço do surfe na Austrália e sedia várias competições do esporte. Dos sete milhões de visitantes estimados que Manly recepciona anualmente (mais que todo o Brasil), um quarto é constituído por surfistas.
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Piscina na Marine Parade, com a parte inicial da trilha ao fundo. |
Partindo da ponta oeste de Manly Beach, a trilha de
Marine Parade é imperdível pelas belas vistas pelo caminho. A trilha curta de uns 500 metros de extensão acompanha uma área de proteção marinha, a Cabbage Tree Bay Reserve. A meio caminho encontramos uma piscina triangular quase centenária de água salgada, como é relativamente comum na Austrália - à beira-mar. Surpreendente foi saber que um ano antes tanto a trilha quanto a piscina haviam sido bastante danificadas por ondas gigantes durante uma tempestade.
No fim da Marine Parade está
Shelly Beach, uma praia pequena e protegida do oceano por recife, com vista para Manly Beach. Shelly tem uma singularidade: é uma das raras praias da costa leste australiana virada para o oeste, o que a torna excelente para se apreciar o pôr do sol.
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Shelly Beach |
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Shelly Beach com Manly Beach ao fundo. |
Uma forma ótima de se passear pelas praias de Manly é utilizar bicicletas. Mas ao contrário do que se imagina, isto pode ser um problema no fim de semana: a Marine Parade, por exemplo, tem o tráfego de bicicletas permitido somente em dias úteis. Só por essa medida dá para imaginar como o caminho deve ficar cheio de gente nos domingos de verão.
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Nada de pedalar na Marine Parade durante o fim de semana! |
Para quem curte boa música, Manly sedia um aclamado festival de jazz no fim de semana prolongado do feriado de Labour Day, comemorado em Sydney na primeira segunda-feira de outubro (a data varia em cada estado). O festival conta com apresentações tanto em auditórios quanto ao ar livre, no calçadão ou na praia. E quem passa o Natal em Sydney tem um programa diferente no dia seguinte, 26 de dezembro: Manly se enche de visitantes que vêm assistir à entrada no oceano dos veleiros que participam da regata Sydney-Hobart, mencionada no
post sobre a capital da Tasmânia.
Taronga Zoo:
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O catamarã se aproxima do píer de Taronga, avistado de dentro do zoológico |
O outro local que visitei no lado norte da baía é uma das maiores atrações de Sydney, o
Taronga Zoo. Ocupando 28 hectares com uma vista espetacular para os arranha-céus do centro da cidade, o zoológico abriga 2.400 animais de todos os continentes, inclusive as espécies australianas, se espalhando pela encosta que se debruça sobre a baía. Grande parte dos animais está ao ar livre, em viveiros espaçosos que procuram reproduzir seu habitat. A entrada principal do zoo, um prédio clássico construído há mais de cem anos, fica na parte superior do complexo. Para quem chega de barco, há um teleférico, gratuito para quem tem o ingresso, que sobrevoa os diversos níveis do zoológico até chegar ao terminal junto ao centro de informações da entrada principal.
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Athol Bay Beach, em frente ao zoo. |
O meio mais fácil de se chegar ao Taronga é sem dúvida o aquático. Os turistas costumam comprar o combo do ingresso
+ barco vendido na bilheteria do Circular Quay, mas eu estava com um tíquete de desconto obtido do livreto que sempre está disponível na recepção dos hotéis. Este em particular tinha uma observação de que o desconto para o zoo só era válido se o ingresso fosse adquirido na bilheteria do Taronga. Assim, viajei diminuindo o valor do saldo do Opal Card, mesmo porque era um domingo e viagens nas barcas têm um preço muito baixo nesse dia da semana. Por sinal, a lancha que faz a ligação em doze minutos é mais moderna que as barcas utilizadas nos demais trajetos. Se por um lado se ganha em rapidez, por outro se perde um pouco no charme da viagem.
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Lagarto-dragão |
Sendo domingo, o barco estava cheio mesmo sendo ainda cedo naquela manhã. Quando saí do terminal, a fila para o teleférico já era enorme,e me dirigi à entrada da parte de baixo do zoológico, não muito longe do terminal de barcas seguindo por uma rua. A vantagem foi poder apreciar de perto a plácida e quase deserta praia em frente. É verdade que, se entrando por baixo ao invés de se usar o teleférico, vamos conhecendo o zoológico subindo pelas rampas, mas o esforço não é muito, devido à inclinação leve das rampas e de elevadores disponíveis em partes do percurso.
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Cangurus no viveiro do Taronga Zoo. |
Mesmo já tendo visitado inúmeros zoológicos ao redor do mundo, gostei do Taronga (aliás, o nome me remetia à "tonga da mironga" da canção célebre de Vinícius e Toquinho). O complexo tem boa conservação e limpeza e os animais parecem muito bem tratados. Além das girafas, tigres, macacos, ursos, elefantes e os habituais shows de animais marinhos e de aves, os exóticos exemplares australianos são sem dúvida um diferencial. Não faltam cangurus, wallabies, ornitorrincos, équidnas, coalas, pinguins-fadas e até o feio dragão-de-komodo da vizinha Indonésia. Há também diabos-da-tasmânia, só que acabei não passando por eles e deixei a Austrália só vendo sua versão em pelúcia. No entanto, uma atividade em particular você não encontrará em outro zoo: assistir às acrobacias das focas tendo o skyline de Sydney ao fundo como brinde.
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Show de focas no Taronga. |
Para maiores informações sobre o Taronga, acesse seu
site oficial.
⏬Outros posts sobre Sydney já publicados:
⏩➧ Este é o terceiro post da série sobre Sydney.
Postado por Marcelo Schor em 09.05.2018
Oi, Marcelo. Tudo bem? :)
ResponderExcluirSeu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
Tudo certo, Natalie? Obrigado pela indicação!
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