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Babin Kuk, a península de hotéis em Dubrovnik

A vista obtida da varanda do Hotel Argosy

       Nesta minha recente viagem aos Bálcãs, me hospedei em Dubrovnik num hotel situado na península de Babin Kuk, subúrbio a alguns quilômetros da cidade antiga. Com um cenário paradisíaco, Babin Kuk surpreende pela beleza da vista do mar e das ilhas no entorno. Além disso, conta com algumas praias, uma delas tendo o nome emprestado do distante Rio de Janeiro.

Mapa de Babin Kuk. Todos os edifícios em cinza escuro são hotéis pertencentes à mesma cadeia. 

            A excursão que adquiri para vários países dos Bálcãs, de Montenegro à Sérvia (acesse o post aqui) se iniciava em Dubrovnik, o que me deixou feliz. Apesar de ser minha terceira estadia, Dubrovnik é aquele tipo de cidade mágica que você admira não importa o número de vezes que visite. Só estranhei a localização do hotel, já que na vez anterior tinha me hospedado no Hotel Imperial, praticamente em frente ao Portão Pile. Minha impressão preliminar pré-viagem era de que seria uma bola fora. Estava redondamente enganado.

Um barco de cruzeiro singra a baía de Lapad

              A minha chegada a Dubrovnik foi cheia de atribulações. Meu voo pela Croatia Airlines desde Pula, na Ístria, estava marcado para as nove da noite e duraria somente 55 minutos. Tinha tudo para ser rápido e tranquilo, mas não foi... Cheguei ao aeroporto com a devida antecedência para descobrir que o voo estava meia hora atrasado, procedente de Amsterdã. Já conformado, na hora devida fomos encaminhados à sala de espera no térreo, junto a uma reentrância da pista do aeroporto, de frente para outra seção do prédio (nada de finger...). De repente, uma sirene começa a tocar e uma movimentação estranha tomou conta do aeroporto. Só víamos na janela da seção em frente vários operadores com aquela jaqueta fosforescente típica olhando espantados na direção da pista, que não divisávamos. Após muitos minutos em total ignorância uma atendente veio nos informar que havia "uma emergência militar" e que nosso avião estava dando voltas lá em cima impedido de aterrissar. Nunca soubemos o que era a dita emergência. Depois de muitos minutos, a interdição se encerrou e o avião chegou. Mas os minutos continuaram a passar e nada de nos chamarem. Foi então que anunciaram que os passageiros com conexão em Dubrovnik para Zagreb fariam a viagem de ônibus (eu fiz essa viagem desde Zagreb e leva 3h45min; além do mais, esse percurso por avião é como se fizessem Rio-Juiz de Fora via Vitória, um descalabro total!). Bem, o que acontece nestes casos? As respectivas malas têm que ser retiradas, ou seja, mais atraso. Já cansados, fomos finalmente convidados a embarcar. Mas nada do avião sair do lugar. Por último o comandante soltou a bomba: "Senhoras e senhores, está caindo uma tempestade fenomenal em Dubrovnik e o aeroporto fechou. Estamos aguardando a sua liberação". Em resumo, só cheguei a Dubrovnik no meio da madrugada. Ainda bem que a excursão incluía o traslado desde o aeroporto e lá estava o rapaz me aguardando no saguão de desembarque com a plaquinha contendo meu sobrenome. E felizmente meus dois dias seguintes de estadia foram de céu aberto, deixando Dubrovnik ainda mais fascinante.

A Ilha de Daksa vista do hotel

             Esta explicação toda foi só para entender que cheguei exausto no Hotel Argosy e que,  após o check-in, desmaiei direto na cama após tanta tensão. Qual não foi minha surpresa ao chegar no salão do café da manhã no dia seguinte e me deparar com uma vista fantástica para todos os lados além de um complexo de piscinas. Quase não acreditei! Minhas desconfianças antes da viagem acabaram na hora. Isto sem falar do nababesco bufê do café da manhã, um dos mais fartos que já conheci. Daria tranquilamente para não almoçar se tomasse o desjejum mais para o meio da manhã. Quem experimentou o bufê do jantar me contou que a fartura se repetia.  Como estava em excursão, naturalmente não fui brindado com um quarto com vista para o mar, mas era bem confortável. Certamente foi o melhor hotel de todo o roteiro. Está rotulado como quatro estrelas, mas merecia uma adicional. (E antes que alguém indague porque eu não consultei previamente as fotos do hotel na internet, o hotel que constava como primeira opção no roteiro era o do lado, bem mais desprovido em termos de paisagem).

              Por sinal, a ilha com cara de paraíso bem em frente à piscina, Daksa, detém uma história sombria. Após a vitória dos partisans iugoslavos sobre os nazistas em 1944, eles reuniram 48 pessoas que haviam colaborado com os alemães, incluindo o prefeito, e os levaram para a ilha, onde foram sumariamente fuzilados. Os corpos ficaram abandonados sem serem enterrados, o que só aconteceu seis décadas mais tarde. Daksa adquiriu na ocasião a fama de mal-assombrada, que permanece até os dias de hoje. A ilha é desabitada apesar de abrigar um mosteiro e recebe pouquíssimos visitantes.

Ponte Tudman vista do hotel

             A ponta da península de Babin Kuk é tomada por hotéis, todos pertencentes à mesma cadeia. Desta forma, a praia que pertence a um deles pode ser utilizada pelos hóspedes dos demais. O solo elevado da península em relação ao mar garante as belas vistas a partir dos complexos. Os hotéis são cercados de parques e trilhas e ao lado do Hotel Argosy há uma espécie de minishopping com alguns restaurantes e até uma agência de viagens. Comi um nhoque aos quatro queijos bem saboroso no Pivnica Dubrava, lá localizado.

Portão Pile, na Cidade Velha: o ponto final da linha de ônibus fica em frente

            Para se ir ao centro medieval por transporte público há a linha de ônibus 6, cujo ponto final está junto aos hotéis Argosy e President. A frequência durante o dia é de dez em dez minutos e em todas as vezes que a usei o veículo lotou, o que não chegou a ser problema já que se vai sentado, do ponto final ao outro ponto final, no Portão Pile. A distância de cinco quilômetros é vencida em cerca de 20 minutos. Há uma pegadinha, a passagem custava 15 kunas se comprada com o motorista; se adquirida anteriormente, o preço caía para 12 kunas - as minhas comprei numa loja do próprio hotel.

Praia do Hotel President

            No quesito praias, há algumas em Babin Kuk. A mais próxima do Argosy é a do vizinho Hotel President, acessível para os hóspedes descendo pelo elevador do hotel. Mas pelo menos para os brasileiros a mais curiosa é a de Copacabana, pública, onde chegamos após uma caminhada curta por uma trilha. A paisagem naturalmente não tem nada a ver com sua homônima famosa, com águas calmas e praia de pedras. Este é um dos melhores pontos para se observar a Ponte Franjo Tudman, que homenageia o presidente croata que governou o país por quase dez anos até sua morte em 1999, após a separação da Iugoslávia. A bela ponte rodoviária  estaiada diminuiu em muito o percurso de chegada a Dubrovnik; antes de 2002 os carros tinham que fazer todo o contorno da reentrância do mar. Copacabana é famosa por suas agitadas baladas noturnas, no bar à beira da praia. Outra praia é Cava, situada entre as duas citadas, mais ou menos abaixo do Hotel Argosy.

Praia de Copacabana, ainda vazia no meio da manhã
Visual a partir da Praia de Copacabana

           No próximo post, a Ilha de Lokrum, situada defronte a Dubrovnik, ainda mais famosa nos últimos anos por ter servido de cenário para as gravações do seriado Game of Thrones.

⏬Outros posts sobre Dubrovnik já publicados no blog:


  Postado por  Marcelo Schor  em 11.09.2018 

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