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Atravessando os Bálcãs: Montenegro, Albânia, Macedônia e Sérvia


A bandeira albanesa com a águia bicéfala, símbolo do país, sobre o telhado da Ópera em Tirana, sua capital.

             Quando visitei os Bálcãs em 2013, a diversidade de paisagens e de cultura entre os três países por onde passei - Croácia, Eslovênia e Bósnia - já me chamou a atenção e foi um dos fatores que contribuíram para as boas lembranças daquela viagem. Na época, pensei como seria bacana conhecer também outros dois países da extinta Iugoslávia, a Macedônia e Montenegro. Passados cinco anos, decidi tirar a ideia do papel, acrescentando a Albânia, um mistério total para mim, encravada entre os outros dois.

             Decidido a visitar a região, comecei a avaliar as alternativas de viajar por conta própria em ônibus ou por excursão. Como havia lido sobre várias dificuldades enfrentadas por quem tinha usado ônibus ou vans na Albânia e Macedônia, acabei optando pela excursão. Dentre alguns roteiros, achei que o de melhor custo-benefício era o da Kompas, uma operadora eslovena bem conhecida na Europa e especializada na região dos Bálcãs. E o roteiro ainda incluía as sérvias Belgrado e Novi Sad, que não constavam do meu planejamento original. Em princípio não achava a Sérvia (mais uma antiga república iugoslava) tão interessante, mas estava enganado, como os posts sobre ela vão revelar.

Dubrovnik: ponto de partida da excursão. Vista obtida da estrada para Montenegro. 

              Gostei dos serviços da operadora, cumprindo o que estava contratado, com bons guias locais em cada cidade a um preço razoável. Os hotéis eram de quatro e cinco estrelas, com café da manhã incluído. Sem meia pensão, que eu particularmente acho um atraso de vida quando se trata de excursões, uma vez que te obriga a um compromisso na parte da noite para o jantar. Como os leitores do blog já puderam comprovar nos posts publicados nos últimos meses, passei a semana anterior vagando pela Croácia, e nesta parte inicial não tive a menor dúvida em viajar sozinho por ônibus intermunicipal e por avião. Afinal, era minha terceira visita ao país e sabia da sua excelente infraestrutura turística e de transportes.

Kotor, na costa de Montenegro

          Como fazia cinco anos desde minha última experiência com excursões longas, não sabia se ainda conseguiria aturar as amarras decorrentes deste tipo de viagem. Na manhã do primeiro dia, quando deixaríamos Dubrovnik, fui apresentado ao guia chileno, Juan Pedro, e aos meus dois companheiros de viagem - uma senhora argentina e um senhor mexicano. Isto mesmo, a excursão se limitava a três viajantes!! Com isto, algumas desvantagens inerentes a excursões foram literalmente por terra. Era praticamente um tour privado, feito numa van. A programação do dia se tornou mais flexível. Por exemplo, com o número de excursionistas baixo, o guia sempre perguntava se queríamos almoçar na cidade que tínhamos acabado de conhecer ou se queríamos aguardar a chegada à próxima. Isto sem contar o tempo economizado na passagem pelos  inúmeros postos de fronteira e na facilidade para estacionar que um ônibus não possui. Ocorreu ainda um outro efeito menos aparente. Metade dos hotéis previstos no circuito, com localização distante do centro (e os únicos que suportavam grupos com número elevado de participantes), foram trocados por outros de mesmo nível com localização central excelente. Para culminar, meus companheiros de viagem eram ótimos, cada um adorando caminhar por conta própria nas ruas de cada localidade, como eu. Foram oito dias aprimorando meu espanhol com eles e com o guia. Como nada é perfeito, a excursão pecou pelo pouco tempo dedicado a conhecer as atrações das cidades na Macedônia.

A Fortaleza de Rozafa em Shkodër, Albânia

              Decidi viajar em junho, já que não havia saída planejada para o meu mês favorito para férias no Hemisfério Norte, maio. Na teoria, lá ainda estamos na primavera na primeira quinzena de junho, e as temperaturas ainda não seriam muito quentes. Só que, com a inconstância atual das estações do ano, estava muito mais calorento que o habitual. Chegamos a pegar mais de 35 °C na capital da Macedônia, Skopje, e dois graus a menos na montenegrina Kotor. Quanto à chuva, felizmente deu a cara somente em duas ocasiões, e mesmo assim, rápida e fina. Sendo regiões menos frequentadas por turistas, não encontrei as multidões registradas nas croatas Plitvice, Dubrovnik e Rovinj alguns dias antes. A única exceção foi Kotor, mais cheia graças aos cruzeiros e bate-voltas desde Dubrovnik, mas nada que atrapalhasse o passeio.

Calorão ao meio-dia em Kotor: enquanto a noiva posa para fotos, o noivo se abana com o leque. 

           Já dizia um ditado muito popular na época da Iugoslávia: "seis repúblicas, cinco etnias, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um partido". Adicionando ainda a Albânia, esta disparidade toda faz da região um autêntico e fascinante caldeirão, com as surpresas se sucedendo no dia a dia. Cada um destes pequenos países (o maior é a Sérvia, com 77.000 km²) guarda suas peculiaridades, resultado de povoação e invasões distintas ao longo dos séculos. Um fator que salta aos olhos é o nacionalismo presente em cada país, que aparece especialmente na questão do idioma.

A macedônia Ohrid

            Na época da minha primeira viagem à então Iugoslávia, uma única língua, o servo-croata, era falada na Croácia, Bósnia, Montenegro e Sérvia . Hoje os quatro países falam respectivamente croata, bósnio, montenegrino e sérvio. Mudou o idioma? Não, somente sua denominação em cada país, com a inclusão de alguns regionalismos, como acontece com o espanhol em cada país sul-americano. Registre-se que croata e bósnio se escrevem com alfabeto latino, enquanto o sérvio preferencialmente usa o cirílico. Já o montenegrino, varia conforme a área. E a Macedônia, como fica? Seu idioma sempre foi distinto do servo-croata, parecendo com o búlgaro e escrito em cirílico.

Kalemegdan, a fortaleza da capital sérvia Belgrado

           E já que falamos na questão do idioma, não tive dificuldades em me comunicar com as pessoas em inglês nas cidades maiores ou turísticas. Já no interior da Albânia e da Macedônia, a história foi outra, e nos comunicávamos com os vendedores de barracas na estrada por mímica ou com a ajuda do guia, que falava (ou pelo menos arranhava) as línguas nativas. 

Muralha romana do século IV em Elbasan, Albânia

          Monotonia de cenários naturais não ocorre neste roteiro, do fiorde montenegrino ao lago montanhoso macedônio. Variando das mesquitas no sul aos prédios em estilo da Europa Central no norte, as cidades balcânicas são um convite para passear a esmo, ainda mais que todos os países são bastante seguros para o turismo, podendo-se caminhar à noite sem maiores preocupações.

Skopje, a capital da Macedônia, uma cidade um tanto extravagante

            Os países dos Bálcãs lembram a Europa de antigamente no jeito mais simples de se viver e na necessidade de câmbio a cada passagem pela fronteira - cada um dos cinco países tem sua moeda própria. Montenegro ainda dá uma colher de chá ao turista, adotando o euro. O custo de vida na Albânia e na Macedônia é bem mais baixo que na Croácia, por exemplo, que pertence à União Europeia.

⇨ Atualização: desde janeiro de 2023, a Croácia também adota o euro, passando a integrar também o Espaço Schengen

As cidades do roteiro, desde o ponto de partida Dubrovnik até a última cidade visitada, a sérvia Novi Sad

        Eis o roteiro resumido da excursão:
        Dia 1 - Saída de Dubrovnik rumo a Montenegro. Parada em Kotor e pernoite em Budva.
        Dia 2 - Entrada na Albânia, com visita a Shkodër e prosseguimento para Tirana.
        Dia 3 - Dia inteiro em Tirana.
        Dia 4 - Saída para a Macedônia, até Ohrid, passando por Elbasan.
        Dia 5 - Manhã em Ohrid e tarde em Skopje, a capital.
        Dia 6 - Dia inteiro de viagem de Skopje a Belgrado, na Sérvia.
        Dia 7 - City-tour em Belgrado.
        Dia 8 - Bate-volta a Novi Sad.
        Dia 9 - Saída de Belgrado.

⏬ Posts publicados nos últimos meses, sobre a viagem solo pela Croácia até a excursão se iniciar:


 Postado por  Marcelo Schor  em 10.11.2018 
Atualizado em 02.01.2023

6 comentários:

  1. Adorei sua viagem! Muito obrigada pelas informações

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    1. Por nada. Foi mesmo uma viagem bem interessante. No próximo fim de semana será publicado o último relato, sobre a cidade servia de Novi Sad.

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  2. Muito legal sua viagem , pretendo visitar esses paises em setembro, 2 perguntas, brasileiro precisa de visto mpara entrar em algum desses paises? E como é a passagem pelas fronteiras/

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    1. Bom dia. Estes países não exigem visto de brasileiros. A passagem pelas fronteiras transcorreu sem maiores problemas. Em alguns deles perdemos um tempo um pouco maior em função da fila de veículos à nossa frente.

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  3. Que bom achar seu post por aqui! Estou querendo viajar justamente para esses 4 países em setembro e gostaria de saber por qual aeroporto chegou e por qual saiu e qual cidades fazer em sequencia pqra perder menos tempo. Não vamos na Croácia. A ideia é fazer tudo de carro. Dá certo? As distâncias são boas?

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    1. Boa tarde. Viajei em junho e cheguei por avião em Dubrovnik, saindo por Belgrado, com todo o percurso sendo efetuada por van por rodovias. Dubrovnik fica porém no extremo sul da Croácia, mas em posição ótima para se iniciar o roteiro, sendo uma das cidades mais bonitas da Europa e com uma estrada com trechos cênicos que a liga a Montenegro. Uma outra opção seria iniciar o roteiro por Kotor, já em Montenegro, mas seu aeroporto é servido por um número bem menor de empresas aéreas. As distâncias no roteiro não são grandes, com exceção do último trecho entre Skopje e Belgrado, mas se pode perder algum tempo nos postos de fronteira.

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