As
Toronto Islands, ilhas no Lago Ontario defronte a
Toronto, são um dos locais favoritos dos habitantes da metrópole para suas horas de lazer. Abrigando praias, ciclovias, jardins extensos, farol e parque de diversões, além de uma vista de tirar o fôlego para os arranha-céus de Toronto, o arquipélago é uma opção superinteressante para o turista passar um dia diferente na maior cidade do Canadá.
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Mapa das Toronto Island diante do terminal, mostrando as três linhas de barcas. |
As ilhas abrigam ainda um aeroporto comercial na extremidade oeste, o Billy Bishop Toronto City, no estilo do Santos Dumont carioca, bem perto do centro. O aeroporto recebe voos internos feitos principalmente em aviões a hélice, opção muito usada no Canadá. No meu caso, dois dos voos dessa viagem foram feitos neste tipo de avião, entre
Boston e
Halifax e entre
Saint John e Toronto pela Air Canada. A presença do aeroporto propicia belas fotos como a que abre o post. Para os demais locais das ilhas, só há ligação por barcas, mas o aeroporto conta com um túnel exclusivo para pedestres o conectando ao continente, inaugurado há quatro anos.
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Singela homenagem às Famílias Imigrantes, em frente ao nº 18 da Yonge Street, no caminho para o terminal de barcas |
Após atravessar todas as Províncias Marítimas do Canadá, eu tinha planejado fechar a viagem com duas noites em Toronto - infelizmente não podia ficar mais tempo devido a compromissos no trabalho. Antes de se juntar a mim no
cruzeiro ao Alasca em 2015, meu irmão e família tinham conhecido as Toronto Islands e gostado bastante do passeio. Então após o almoço em Toronto decidi aproveitar o restante do dia para conhecer as ilhas, e me encaminhei ao terminal de barcas, bem no início de uma das ruas principais da cidade, a Yonge Street. O tíquete do transporte lacustre custava exatos $7.87, com o retorno incluído.
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O terminal de barcas no canto direito da foto. |
Do terminal de barcas saem três linhas para as Toronto Islands. A com maior frequência de viagens e maior número de turistas é a que se dirige à porção central das ilhas, onde está grande parte das atrações construídas. As outras duas linhas de barca se dirigem a cada uma das extremidades, Hanlan's Point e Ward's Island. Um placar aponta as próximas partidas e verifiquei que no espaço de meia hora haveria saídas para todas as três linhas. Como a para Hanlan's Point, apesar de mais longa, passaria mais perto da CN Tower, optei por ela e acertei em cheio; fiquei extasiado com a paisagem da orla de Toronto desfilando diante dos meus olhos à medida que a travessia prosseguia. A surpresa foi encontrar um ferry pequeno no lugar da barca tradicional, o que tornou a viagem ainda mais peculiar.
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O cais de Hanlan's Point |
O ferry aportou em
Hanlan's Point, ao lado do aeroporto. Perto do cais há uma estátua homenageando Ned Hanlan, o mais famoso remador canadense da segunda metade do século XIX e campeão mundial, que acabou se tornando vereador na virada do século. Se juntarmos a presença sobre a grama do barco rebocador Ned Hanlan, que operou por décadas no porto de Toronto, podemos supor que a denominação do lugar é uma homenagem ao esportista. Na realidade, Ned morou mesmo muito tempo na ilha (sua família foi uma das primeiras a habitá-la), onde iniciou o gosto pelo remo, mas o nome Harlan's Point se deve ao hotel imponente fundado por seu pai e que foi destruído em 1909 por um incêndio, um ano após a morte de Ned por pneumonia.
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Block House Bay |
Uma curiosidade sobre as Toronto Islands é que elas só se tornaram ilhas há 160 anos. Até então a ilha principal era uma península. Uma tempestade forte (pelo visto um furacão) modificou totalmente a geografia do local, cavando o canal que hoje separa Toronto das ilhas. Já vi muitos casos de ilhas que se tornaram penínsulas, como o caso da croata
Rovinj, mas o contrário é bem mais raro.
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Pedalando pelas trilhas das Toronto Islands |
Esta parte das Toronto's Islands é a mais selvagem, onde há poucas construções e mais área verde. Iniciei o trajeto rumo à parte central pela trilha imprensada entre o lago e os canais em meio ao parque. O trecho mais próximo de Harlan's Point abriga vários iates, dando oportunidade a fotos ótimas dos canais com a silhueta da cidade como pano de fundo. A toda hora, eu cruzava com corredores ou ciclistas que também aproveitavam o lazer na ilha. As Toronto Islands são fechadas ao tráfego de carros, exceto veículos de serviço, transportados pelo ferry no qual cheguei. Foi uma das caminhadas mais agradáveis que já fiz, em meio à tranquilidade e bucolismo e numa temperatura ótima para um final de setembro.
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Ondas na praia em Toronto Islands |
A trilha principal, chamada de
Lakeshore Avenue, também dá acesso às praias de Toronto Islands, bastante frequentadas nos meses de verão, quando a temperatura em Toronto passa dos 30°C . Há inclusive uma praia para nudistas, que segundo um aviso estava interditada. Surpreendi-me com a agitação das águas, prenúncio da mudança de tempo que dava os primeiros sinais. Parecia uma praia oceânica, com o lago levando todo jeito de mar. E não havia banhista à vista.
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Farol de Gibraltar |
Mais adiante, alcancei o
Farol de Gibraltar. Hoje cercado por árvores, o farol foi inaugurado em 1808, sendo um dos mais antigos do Canadá. Nessa época ainda estava situado na península e à beira d'água. Há uma lenda na qual o farol seria assombrado pelo fantasma de seu primeiro ocupante. O infeliz faroleiro teria sido assassinado em 1815 por soldados em busca de cerveja contrabandeada. Com 25 metros de altura, o farol deixou de lançar sua luz verde que guiava as embarcações sessenta anos atrás.
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Jardim em Toronto Islands |
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Duck Pond |
Cheguei então à região central do arquipélago, com burburinho maior, onde está o cais central e se localizam serviços como restaurante e aluguel de bicicletas, pedalinhos e caiaques. O
Centreville Amusement Center também fica ali, um parque de diversões com atrações tradicionais para crianças menores, como carrossel, roda gigante e uma pequena montanha russa. Até os jardins são mais elaborados na área, contando com mesas para piquenique e um labirinto de cerca viva.
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O Pier |
Praticamente dividindo a orla da ilha maior em duas, o
Píer avança lago adentro, permitindo uma visão abrangente das praias que o cercam, pouco atraentes. Foi o único local turístico das ilhas onde havia uma multidão de pessoas.
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Chelsea Beach a partir do píer |
Quando apreciava a vista desde o píer, o vento já estava forte e nuvens pesadas começaram a tomar o céu. Ao chegar à ilha, estava em dúvida se embarcaria de volta no cais central ou prosseguiria até a ponta leste, retornando pelo cais de Ward's Island. Como estava desprovido de proteção contra a chuva, achei melhor encerrar o passeio e voltar pelo cais central, onde uma barca partiria em questão de minutos.
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Ponte ligando o píer ao cais central
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Tomei então o rumo do cais central, trocando de ilha por uma bela ponte. O caminho fica ainda mais bonito no princípio de maio, quando cerejeiras japonesas florescem, colorindo a paisagem na cor rosa. Surpresa foi encontrar o cais repleto de pessoas aguardando a embarcação, agora a barca tradicional que faz habitualmente o trajeto. A barca acabou saindo vinte minutos atrasada e lotada rumo a Toronto. No final das contas, a distância percorrida a pé entre os cais de chegada e de saída foi de quatro quilômetros a pé, sem contar os desvios pequenos para tirar fotos.
A precaução da volta antecipada se mostrou infundada, acabou não chovendo naquela última noite em terras canadenses. De qualquer forma, o passeio valeu bastante a pena. E ainda por cima, é muito barato.
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Cais central de Toronto Islands: volta para a cidade |
Se o seu foco é percorrer as trilhas da ilha maior, a não ser que opte por conhecê-las por bicicleta alugada, recomendo seguir o que fiz: chegar por um cais e sair por outro, para otimizar o percurso a pé. E se gosta de recantos mais tranquilos, procure as áreas mais afastadas do cais central.
No
próximo post, tem início a série sobre a visita às Províncias Marítimas, uma região canadense pouco lembrada pelos brasileiros, mas com muitos cenários bonitos e exóticos para apreciar.
➱ Para conhecer outras atrações de Toronto, acesse
este post.
Postado por Marcelo Schor em 31.03.2019
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