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Vista de Sierre a partir do Museu do Vinho, com o Château Mercier à distância no alto da colina |
O enorme sol diante de um fundo vermelho tomando conta do brasão de armas já nos diz tudo:
Sierre está no centro da região mais ensolarada da Suíça, sendo considerada a cidade mais seca do país. Com tal clima favorável, é conhecida pelos vinhedos que produzem vinho branco da melhor qualidade. Curiosamente o nome alemão da cidade, Sidders, nos faz lembrar de uma outra bebida alcoólica que nada tem a ver com vinho, a sidra.
Sierre é ainda a última cidade de fala francesa antes do limite com a região alemã dentro do cantão do Valais.
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Vinhedo em meio ao casario de Sierre |
Mas se você pensa que vai encontrar as videiras apenas na zona rural, está redondamente enganado. O que diferencia as ruas de Sierre são justamente os vinhedos, plantados nas encostas em meio às residências. O museu mais conhecido não podia deixar de ser o
Museu do Vinho (Musée Valaisan de la Vigne e du Vin), localizado no
Château de Villa, um casarão imponente do século XVI situado numa parte um pouco mais elevada da cidade, um quilômetro a noroeste da estação ferroviária. Com entrada coberta pelo Swiss Pass (não custa lembrar que o passe dá direito à entrada gratuita em centenas de museus no país), o museu mostra aspectos do cultivo da uva, assim como sua história no Vale do Ródano. O Château de Villa contém em suas dependências uma enoteca, um restaurante cujo carro-chefe é sem surpresa uma elogiada raclette, e claro, uma enorme plantação adjacente. O museu só funciona de quarta a domingo (quarta a sexta das 2 às 6 da tarde e nos fins de semana das 11 às 6).
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Museu do Vinho no Château de Villa |
Uma peculiaridade do Museu do Vinho é possuir uma segunda sede, na cidade vizinha de
Salgesch, onde os habitantes já falam alemão. Um dos passeios indicados em Sierre é justamente fazer a pé o percurso de seis quilômetros entre os dois museus pela
Trilha do Vinho, um caminho por entre os vinhedos. Como se não bastasse o cenário de aquarela, a trilha é ladeada por oitenta placas ao longo do trajeto, com informações sobre o plantio das uvas, a área e seus habitantes. Para os amantes de caminhadas, uma atividade imperdível.
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Vista geral de Sierre e do vale do Ródano cercado pelas montanhas |
Ao se apreciar a vista de Sierre obtida do pátio do Château de Villa, uma outra torre de castelo com aparência medieval chama a atenção sobre a colina de vinhedos um pouco à frente. Trata-se do
Château Mercier, construído em estilo neo-renascentista pela família Mercier em 1908 e que hoje abriga uma fundação, sempre apresentando eventos culturais.
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Núcleo histórico de Sierre: rue du Bourg |
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Igreja de Santa Catarina |
Sierre possui ainda um núcleo histórico, muito mais acanhado que Sion. Situado ao longo da Rue du Bourg, recentemente restaurada, o destaque vai para a
Igreja de Santa Catarina, um exemplar de arquitetura barroca do século XVII.
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Acesse aqui o post sobre Sion, a capital do cantão.
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O funicular sobe pelos trilhos com a cidade de Sierre abaixo |
Uma outra grande atração de Sierre é o
funicular que a liga a Crans-Montana, 927 m montanha acima. Com quatro quilômetros de extensão, a linha de funicular construída há cem anos é a mais extensa da Suíça, provavelmente a única que sobe a serra atravessando vinhedos na sua porção inicial. A estação do funicular em Sierre fica situada a poucos quarteirões da estação ferroviária, e é facílimo chegar até lá: virando-se à esquerda na saída da estação, a calçada do caminho está demarcada por uma linha contínua pintada até a porta do funicular. O trajeto no vagão vermelho inclinado leva doze minutos, com parada em algumas estações intermediárias, e também é coberto pelo Swiss Pass (para quem não possuía o passe, o tíquete custava 13 francos a ida). O vagão é vazado no teto, o que permite em alturas mais elevadas vistas mais amplas do vale do Ródano e dos Alpes. O funicular não é o único meio de transporte que liga as duas cidades, há ônibus também disponíveis, mas certamente é o mais charmoso.
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O interior do funicular |
Crans-Montana, a 1.500 m de altitude, é um dos resorts de esqui mais conhecidos do Valais, juntamente com Zermatt e Verbier. Na realidade, são duas localidades originalmente distintas, Crans e Montana, hoje formando uma vila única. A estação terminal do funicular se localiza em Montana, na rua de acesso à porção central da vila, por onde passam também os ônibus que vêm de Sierre. A vila de Crans-Montana está situada num platô com vários lagos pequenos rodeado pelos picos nevados. Enquanto se caminha pela rua de entrada, ladeada por edifícios com fachada de madeira com os telhados bem inclinados no estilo alpino, se vislumbra o belo vale do Ródano abaixo.
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Rue Centrale em Crans-Montana. |
Crans-Montana sempre foi considerada um dos resorts de esqui mais elegantes da Suíça, como atestam as lojas de grife situadas na Rue du Prado. Um dos seus residentes mais famosos era o ex-007 Roger Moore, que lá passou suas duas últimas décadas de vida, vindo a falecer há quatro anos. Além dos 140 km de pistas de esqui acessíveis por vários teleféricos, Crans-Montana sedia ainda anualmente um torneio de golfe no verão: o Torneio Europeu de Masters atrai dezenas de milhares de espectadores a cada agosto ou setembro. Afinal, nada melhor que um evento periódico de um esporte considerado de elite para manter a fama de requinte do lugar.
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Logotipo de Crans Montana |
Em pleno mês de maio toda a efervescência típica de estações de esqui tinha há muito se evaporado junto com a neve, e as ruas de Crans-Montana estavam praticamente desertas. A região, com aquele ar puro das altitudes suíças, é excelente para caminhadas, especialmente pelas trilhas ao redor de alguns dos cinco lagos, sempre tendo os picos e florestas de pinheiros como pano de fundo. Mas fora da temporada, não há outros atrativos.
O
Lago Grenon, que separa Crans de Montana, é um dos mais pitorescos, junto ao hotel mais antigo da área, o Parc Hotel, que começou a funcionar em 1893. É nas margens do Lago Grenon que se encontram as letras gigantes iluminadas à noite que formam o nome da vila, atração bem recente inaugurada para comemorar os 125 anos de fundação da vila, cujo marco foi a abertura do hotel. Há um complemento em relação a outras cidades como Amsterdã,
Montevidéu e
Colônia do Sacramento, que também possuem este tipo de ornamento: cada uma das doze letras está replicada diante de uma outra atração ao redor ou acima da vila.
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Lago Grenon - lado de Crans |
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Lago Grenon - lado de Montana |
No
próximo post, deixamos o cantão do Valais e visitamos duas preciosidades à beira do Lago Léman, Vevey e Montreux.
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Este é o décimo sétimo post da série sobre a Suíça. Para visualizar os demais, acesse A saborosa Suíça.
Postado por Marcelo Schor em 21.02.2021
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