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Rio: Monumento aos Pracinhas e Museu de Arte Moderna

Os barcos na Marina da Glória com os arranha-céus do centro ao fundo. 


         Se o bairro da Glória  (mostrado no último post) está pontilhado de construções que remetem ao Rio Antigo, a porção do Parque do Flamengo diante dele oferece vários monumentos e marcos turísticos que são mostra de uma face mais moderna  da arquitetura carioca. 

           Esta parte do Aterro do Flamengo é mais antiga que o restante do parque, tendo sido construída na década de 50, tanto que nos seus primeiros anos de existência era conhecida como Aterro da Glória. 



               Nosso passeio pela área começa com o local que, planejado como ancoradouro de barcos, se ampliou com o passar do tempo e acabou se tornando um point carioca. Apresentando o formato de uma vírgula invertida, a Marina da Glória definitivamente se incorporou ao roteiro turístico da cidade. É ponto de partida de passeios de barco pela baía, além de oferecer lojas e cursos com tema náutico. Há ainda restaurantes com mesas ao ar livre, oferecendo uma bela vista para a baía e os barcos de todos os tamanhos atracados nos píeres em frente. Foi na marina que aconteceram as competições de iatismo dos Jogos Olímpicos de 2016 e também dos Jogos Panamericanos de 2007. 

       Da marina se vislumbra o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, mais frequentemente chamado de Monumento aos Pracinhas, como ficaram conhecidos os combatentes brasileiros na guerra. 

Monumento aos Pracinhas

 

               O monumento honra a memória dos pracinhas que lutaram em condições precárias e perderam a vida em confrontos com os alemães nos combates do final da Segunda Guerra Mundial. A Força Expedicionária Brasileira foi montada em 1943 e, composta por cerca de 25.000 homens entre forças terrestres e aéreas, lutou na Itália a partir de 1944. Nestes combates, cujo símbolo maior foi a tomada de Monte Castello, pereceram centenas de brasileiros, dos quais 462 foram enterrados em Pistoia, na Toscana (por sinal, o nome oficial do local no Aterro onde esta o monumento é Praça Pistoia).

          Durante a década de 50 ganhou vulto a ideia de erguer um monumento grandioso para homenageá-los, que incluísse um mausoléu. Foi feito um concurso público para o projeto, e o Monumento aos Pracinhas foi inaugurado oficialmente em 1960, com o traslado dos restos mortais desde a Europa ocorrendo no final do ano. Tempos depois em 1967 foi erguido um monumento, no lugar do cemitério militar italiano desativado, cuja manutenção está a cargo do governo brasileiro. 

Bonita vista da sede da Marina da Glória tomada a partir do pátio do Monumento aos Pracinhas


        O Monumento aos Pracinhas está posicionado de forma estratégica, formando um eixo com a avenida Rio Branco, a principal do centro da cidade. Uma das mais belas homenagens do Rio de Janeiro, o monumento é constituído basicamente de uma plataforma na forma da letra L, de onde se eleva o pórtico  de 31 metros de altura, com colunas duplas terminando numa superfície curva. Inovadora, foi a primeira estrutura em concreto aparente no país. O curioso foi que, não havendo um significado explícito para o formato do monumento, os cariocas da época logo o chamaram de "muleta do pracinha". Imagino que a dupla de arquitetos que projetou esta joia não deva ter apreciado o apelido irreverente. 

             No pátio da plataforma estão instaladas duas esculturas, uma abstrata em metal, lembrando a participação da FAB (Força Aérea Brasileira) no conflito, e a outra, em granito, apresentando três pracinhas, cada um pertencente a uma força armada. Uma foto clássica é a que mostra os pracinhas de pedra em primeiro plano, com a estrutura elevada por trás. 

As estátuas dos representantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.


                No andar térreo do monumento há uma exposição permanente sobre objetos e vestimentas utilizados pelos pracinhas nas operações de guerra. A partir deste salão uma escadaria de mármore dá acesso ao pavimento inferior, semienterrado, onde se encontra o mausoléu com as tumbas dos combatentes. Num mural estão gravados cerca de outros 800 nomes de homens que perderam a vida nos torpedeamentos de embarcações ocorridos após a declaração de guerra ao Eixo. Uma abertura na parede voltada para o mar areja e clareia o ambiente, com as bandeiras dos estados brasileiros hasteadas. 

           A guarda do monumento é alternada entre as três forças armadas a cada mês. Em períodos normais a solenidade de troca de guarda pode ser acompanhada pelo público às 10 da manhã do primeiro domingo dos meses de junho, agosto e outubro. Como se pode perceber pelos uniformes na foto abaixo, a encarregada da guarda no mês de setembro era a Marinha.

                 O Monumento aos Pracinhas está aberto à visitação diariamente das 9 às 17 horas, com entrada franca. 

Dois sentinelas em uniformes brancos tomam conta do monumento


              Ao lado do Monumento aos Pracinhas, uma pista circular me fez relembrar os tempos de infância, quando meus pais me traziam ao Aterro para passear. Quase meio século depois, a pista ainda serve para aeromodelismo, com os ruidosos aviões em miniatura controlados remotamente (devidos precursores dos atuais drones) fazendo piruetas em sua trajetória.

Pista de aeromodelismo no Parque do Flamengo


             E em frente ao monumento, no final da avenida Rio Branco, desponta um obelisco. Bem menor que seu congênere famoso de Buenos Aires (erigido três décadas depois), o obelisco de 28 metros de altura foi inaugurado quando a avenida foi aberta, em 1906. Feito de granito extraído do Morro da Viúva no Flamengo, na época ele ficava à beira d'água, e são conhecidas as imagens daqueles primeiros anos mostrando ondas de ressaca avançando pelas muretas da orla e atingindo a pedra pontiaguda. O obelisco entrou de forma singular para a História do país quando em 1930 os soldados gaúchos que depuseram o então presidente Washington Luís resolveram amarrar seus cavalos nele, numa aparente provocação aos habitantes cariocas. 

Obelisco da avenida Rio Branco. hoje bem distante da Baía de Guanabara. 

   

              Entre o Monumento aos Pracinhas e o Aeroporto Santos Dumont se encontra um dos museus  mais importantes do país. O Museu de Arte Moderna (MAM) sempre esteve na vanguarda das exposições de arte desde sua inauguração em 1958, apresentando mostras inovadoras. Sua arquitetura arrojada sobre pilotis foi objeto de admiração, sendo considerada a obra-prima do arquiteto Affonso Reidy. O MAM se encontra aberto de terça a sexta de 13 às 18h e nos sábados e domingos de 10 às 18h, com entrada também gratuita. Uma excelente pedida é aproveitar e visitar em conjunto os dois museus, MAM e o Monumento aos Pracinhas, lado a lado à beira-mar. 

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro


           Aproveitei a ocasião para voltar à Praça Paris ali ao lado, ainda chateado com o que ocorreu com a estátua vizinha de Pedro Álvares Cabral, que teve sua base queimada e pichada por vândalos somente dez dias após a publicação do meu post no mês passado. O aviso sobre a remodelação da Praça Paris continua afixado no seu portão e os ficus em torno do lago que haviam sido bem tosados estão mais verdejantes e crescidos, começando a recuperar sua forma que tanto embelezava a praça. Um sinal auspicioso.

Estátua do Almirante Barroso, mais um marco na Praça Paris.


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 Postado por  Marcelo Schor  em 22.09.2021 

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