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Helsinque e sua arquitetura eclética


A entrada principal da Estação Ferroviária Central


            Helsinque apresenta inúmeras construções arquitetônicas marcantes, e vislumbrá-las ao se passear pelas ruas da capital finlandesa é uma das atividades favoritas dos visitantes. Muitas delas abrigam museus interessantes, então logo após apreciarmos a fachada, ainda podemos aumentar nossa cultura a seguir... 😀

          Um dos maiores exemplos arquitetônicos se concentra na Praça do Senado, cujos prédios capitaneados pela bela catedral foram mostrados no post anterior. Uma outra praça situada a poucos quarteirões a oeste, a  Praça da Estação (Rautatientori) é outro colírio para os olhos neste aspecto, onde está situado o Museu Ateneum, e que conta com outras belas construções adicionais. Uma deles é a estação ferroviária central no estilo art-nouveau, com suas quatro enormes esculturas em granito segurando lanternas esféricas que adornam a entrada do terminal, inaugurado em 1919, dois anos após a independência da Finlândia. 

Teatro Nacional

 
            Já o Teatro Nacional, inaugurado em 1902 na mesma praça, não tem cara de teatro, mais parecendo um hotel ou sede de órgão público. Foi construído no estilo romântico nacional, usado na Escandinávia em prédios como as prefeituras de Copenhague e Estocolmo. O teatro abriga a mais antiga companhia de atuação em língua finlandesa. 

A biblioteca Oodi

               Perto dali, junto ao outro lado da estação ferroviária, um outro prédio de aparência bem mais moderna também chama a atenção pelo formato trapezoidal diferente, com telhado sinuoso. É a Biblioteca Central Oodi. O projeto arrojado venceu uma competição em 2012, e o nome, que significa "tributo", também foi escolhido dentre inúmeras sugestões feitas pelos habitantes. Inaugurada há sete anos marcando a comemoração dos cem anos da independência do país, a biblioteca conta com uma área vasta para os livros e publicações, servida por tecnologia avançada de robôs para seu armazenamento e busca para trazê-los aos leitores que desejam consultá-los. 

Parlamento finlandês

               Já a sede do  Parlamento apresenta um estilo bem mais sóbrio, com sua fachada neoclássica com quatorze colunas coríntias monumentais em granito vermelho. Assim como a biblioteca, houve um concurso público para o projeto, sendo o colosso inaugurado em 1931. Lá trabalham 199 representantes eleitos a cada quatro anos, além daquele oriundo de Åland, perfazendo um total redondo de 200. 

Museu Nacional


           O Parlamento está situado entre dois ótimos museus. Ao norte, está o Museu Nacional (Kansalismuseo), construído no mesmíssimo estilo do Teatro Nacional e inaugurado quatorze anos mais tarde. Vale a pena ir até lá só para apreciar os detalhes esmerados da construção, que lembra muito uma catedral gótica. O museu apresenta a evolução da história da região e do país, desde a época pré-histórica até os dias atuais. Imperdível para quem curte o assunto. . 

            Ao sul do Parlamento encontramos  o Museu Amos Rex, especializado em arte moderna exposta nas galerias do subsolo. O nome homenageia seu fundador, patrono das artes e editor de um jornal local no idioma sueco. O grande destaque externo de sua arquitetura moderna está nos fundos, com um pátio decorado com formações estranhas que podem ser escaladas; me fizeram lembrar tentáculos cortados de algum ser extraterrestre.

O exótico pátio do Amos Rex

                 Visitei ambos, uma vez que tinha adquirido o Helsinki Card para dois dias.. O cartão dá direito à entrada nos museus principais e, ao contrário do passe similar de Estocolmo (que não comprei), dá acesso ilimitado ao transporte público abundante e eficiente, seja bonde, ônibus ou a barca para Suomenlinna dentro da cidade de Helsinque. Apesar de todas as atrações comentadas nestes posts de Helsinque poderem ser conhecidas a pé na cidade plana, o passe faz toda a diferença quando você já está cansado de andar. Só faça as contas antes para verificar se realmente compensa adquiri-lo. Na realidade, eu havia planejado utilizá-lo também para conhecer o Monumento a Jean Sibelius, considerado o maior compositor finlandês, que fica longe do centro; não foi possível, passei tempo demais nos vários museus. 

Fachada da Igreja da Rocha


                  A alguns quarteirões de distância do Parlamento e um pouco mais afastada se situa uma das maiores atrações de Helsinque, a Igreja da Rocha. (nome finlandês Temppeliaukion Kirkko).  Ao contrário dos demais templos visitados na cidade, é cobrado um ingresso de € 8 para conhecê-la. O grande diferencial da igreja é estar escavada na pedra e não assentada sobre ela. O interior é arejado e bonito, e o formato circular propicia uma acústica perfeita, tornando o local ideal para concertos. O domo em cobre completa o conjunto construído há 55 anos. Visitei a Igreja da Rocha no início da tarde de um domingo e havia muitos turistas que nem sempre faziam silêncio, o que quebrou completamente o encanto do lugar.

O interior da Igreja da Rocha, com paredes em pedra

               Como já havia comentado, dividi a estadia em Helsinque em duas partes e em cada uma me hospedei em um hotel diferente. O outro hotel em que pernoitei foi o bom Scandic Hub, no bairro Kamppi, escolhido por estar a três quarteirões do Shopping Kamppi, onde está a rodoviária pela qual cheguei de Turku e parti para Savonlinna. Foi uma escolha acertadíssima, a região tranquila formada pelo bairro e pelo vizinho Punavuori apresenta contraste com a área histórica central e para meu deleite apresenta uma quantidade enorme de prédios no estilo art-nouveau. 

Esquina do Bulevardi com prédios com torres típicas do estilo

          Passear pela rua que  corta o bairro e é chamada apenas de Bulevardi me deu a sensação de voltar uns cem anos no passado, com as fachadas ricas em detalhes, as árvores frondosas e os bondes verdes passando com frequência e fazendo seu ruído característico.  

Fachada art-nouveau 

               O hotel se localiza numa praça bem arborizada e aprazível com uma bela igreja de madeira em estilo neoclássico assentada num canto. O nome traduzido da praça referencia o templo: Parque da Igreja Velha. Bem, a igreja não é tão antiga assim, foi consagrada em 1827, e para minha surpresa completa seu arquiteto foi Karl Engel, que projetou também a Praça do Senado e a catedral da cidade. A Igreja Velha serviu como templo principal por décadas enquanto a catedral não era inaugurada. Para completar o conjunto histórico, em outro canto da praça há alguns túmulos centenários. Na realidade todo o terreno ocupado pela praça era um cemitério, ocupado em sua maioria por vítimas de uma praga que assolou Helsinque em 1710, e é por isso que a praça também era conhecida pelo nome insólito de Parque da Praga. Os cerca de 40 túmulos remanescentes pertencem também a alguns soldados que pereceram na guerra civil que sucedeu à Independência em 1918. O interessante é que nenhum dos guias de viagem que consultei anteriormente menciona a praça ou a igreja.  

A Igreja Velha (tradução da inscrição "Vanhassa Kirkkossa" da placa)

          Para entrar ainda mais no clima retrô do Bulevardi, nada como visitar um museu situado na própria via no número 40, uma mansão suntuosa do século XIX. O Museu de Arte Sinebrychoff leva o nome dos proprietários do casarão, família russa de cervejeiros, cuja coleção de obras de mestres da pintura europeia está exposta junto com a mobília da época. Acabei fazendo uma visita corrida e não pude apreciar com a devida calma o acervo, pois cheguei faltando só meia hora para o fechamento, no último dia de validade do meu Helsinki Card. Ao lado do museu está a entrada de um simpático parque com lago e gramado repleto de pessoas que estavam curtindo o calor raro. 

Interior do Museu Sinebrychoff

               A região abriga um segundo museu, que faz jus à fama dos finlandeses de designers exímios, talento que é comumente associado ao contato com a natureza e aos percalços que levam a população a soluções criativas.  Helsinque foi até eleita pela Unesco  a Cidade do Design durante o ano de 2014, título que vou ser franco, nem sabia que existia. O Museu do Design já vale a visita pelo edifício em estilo gótico magnífico que ocupa na rua Korkeavuorenkatu e apresenta em suas  exposições aspectos diversos desta tradição finlandesa. 

Museu do Design

Tapeçaria exposta no Museu do Design

              No próximo post, uma das mais concorridas atrações finlandesas localizada diante de Helsinque, a Fortaleza de Suomenlinna.

⏩➧ Este é o décimo terceiro post da série sobre a viagem à Suécia e Finlândia realizada em junho de 2023. Para visualizar os demais e o mapa do roteiro, acesse  o post introdutório da série .

 Postado por  Marcelo Schor  em 20.09.2024 

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